É preciso paz

Pessoal, a gente precisa de paz para viver. Qualquer um precisa. Não é possível viver em constante turbulência. A gente precisa de uma noite bem dormida. A gente precisa de um dia bem vivido. A gente precisa ter um tempo para a gente mesmo, para o nosso lazer, para o nosso prazer. Não é justo ter que viver constantemente o que os outros aprontam para tirar o sossego da gente. Não é possível. Esse tipo de vida não é vida.

O que a gente fez de errado para ter que conviver com esse corona vírus? Que pecado a gente cometeu, para ter essa penitência? A gente não peca, mas tem que pagar pelo pecado dos outros? É justo? Agora, se vamos sair de casa, cuidado para não passar perto de alguém que esteja resfriado. Pode ser o corona vírus. Se você tem que dar a mão a alguém num cumprimento de respeito, lave as mãos com urgência, esfregando bem durante uns vinte segundos pelo menos, não se esquecendo dos vãos entre os dedos, pois a pessoa cumprimentada pode ter o corona vírus. É justo viver assim?

O problema não é só esse, infelizmente. Um mal, se vier sozinho, a gente ainda consegue enfrentar, mas os males vêm acompanhados. Eles têm parceiros. Têm cúmplices. Um mal nunca vem sozinho, não é? E a gente no meio do fogo cruzado. Se a gente consegue se desviar de um tiro, pode ser apanhado por outro. Um mal atrás do outro. Males físicos e males morais. Os males vêm a cavalo e a gente está a pé.

Agora, se a gente quiser ir ao cinema para assistir a um bom filme, tem que pensar cem vezes. E se no cinema houver alguém com o corona vírus? A gente pensa, e não vai ao cinema. Deixa de assistir a um bom filme. Fica frustrado. Que mal eu fiz, que fico impedido a assistir a um filme de que eu gosto? Se eu quero jantar num restaurante com a minha mulher… será que eu vou? E se o garçom estiver com o tal do corona vírus? E se o casal da mesa ao lado estiver infectado com o corona vírus? Penso, e não vou. Peço uma pizza por telefone. Assim mesmo, tenho medo de que o entregador esteja com o tal do corona vírus. Penso até – ridículo – em desinfetar a pizza, para não ter nenhum problema.

Não dá. Não é justo. Se tenho que ir ao supermercado para comprar o indispensável para viver, tenho que organizar uma estratégia de ida e de volta. Tenho que cumprimentar as pessoas a distância. São pelo menos dois

metros. Quando estiver no caixa, tomar cuidado para não ficar muito próximo da moça que vai me atender. Isso não é vida. Daqui a pouco, se a coisa apertar, vou ter que dormir em quarto separado da minha mulher. Ela pode estar com o corona vírus. Ou eu. E não quero passar esse demônio para ela. É um saco.

Para piorar. Logo chegará o inverno. E esse desgraçado do corona vírus parece que gosta de frio. Ele que não venha se acomodar em mim. Vou estar preparado. Vitamina C pra você, desgraçado!

Bahige Fadel

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

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