Procedimento ainda é um projeto de pesquisa e restrito a casos específicos
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) foi palco da realização de um procedimento inédito no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se da Radioembolização, técnica que utiliza radiação para o tratamento de tumores e metástases hepáticas.
O procedimento não é considerado curativo, mas pode causar uma redução considerável do tamanho do tumor, evitando que ele cause mais danos ao paciente portador desta condição patológica.
Por ser um projeto de pesquisa, o tratamento ainda não pode ser oferecido a todos os pacientes portadores de tumores hepáticos. O procedimento foi realizado no HCFMB em um paciente do sexo masculino de 75 anos, que se encaixava nos critérios de inclusão do estudo.
O paciente ficou internado por três dias até que a radioatividade baixasse a níveis seguros, e a seguir, foi liberado para voltar para casa.
Esta inovação no tratamento oncológico no HCFMB é resultado do trabalho em conjunto das equipes multiprofissionais dos Serviços de Oncologia, Hepatologia, Medicina Nuclear, Hemodinâmica e Radiologia do HCFMB.Considerado um tratamento de última geração, a Radioembolização nunca foi realizada no SUS por envolver alto custo e exigir muita capacitação. No Brasil, apenas o Hospital Sírio Libanês utiliza esta técnica inovadora no combate ao câncer hepático. “É importante ressaltar que, apesar de ser uma grande satisfação realizar este tratamento no SUS, ele ainda não está disponível no sistema público, já que conta com o apoio financeiro da FAPESP e CNPq. De qualquer forma, é um avanço e continuaremos trabalhando para oferecer esta alternativa aos pacientes”, afirma Romeiro.
Uso de radiação no tratamento
O uso de radiação em tratamentos para a destruição de tecidos humanos é polêmico por muitos motivos, entre eles o desconhecimento.
Segundo a docente da disciplina de Medicina Nuclear da FMB/Unesp, Professoa Dra. Sônia Moriguchi, existe um estigma em relação ao uso da energia nuclear. “Toda vez que ouvimos sobre radiação nuclear, relacionamos o assunto a grandes catástrofes, como a Segunda Guerra Mundial, Chernobyl e recentemente em Fukushima. Nesses casos, a quantidade de radiação é bilhões de vezes maior da utilizada na área médica”, explica.
“Mesmo sem ver a radiação, podemos medir exatamente os níveis da radioatividade e saber se a pessoa deve ficar em local próprio e evitar o contato com outras pessoas ou se já está pronta para voltar para casa”, complementa Moriguchi.