Metade dos alunos brasileiros não termina ensino fundamental na idade certa

Menos da metade dos alunos brasileiros concluem o ensino médio na idade correta, ou seja, até os 18 anos. De acordo com pesquisa feita pela Fundação Itaú, apenas 41% dos estudantes concluem a educação básica sem intercorrências como reprovação, abandono ou evasão. Além disso, 52% conseguem terminar o ensino fundamental.

A pesquisa produziu um “indicador de trajetória educacional” dividido em quatro categorias: a trajetória regular, a com pouca irregularidade, a com muita irregularidade, e a trajetória interrompida. A primeira delas se satisfaz somente quando o aluno ingressa no ensino fundamental aos 7 anos e conclui os ensinos fundamental e médio nas idades corretas (15 e 18 anos, respectivamente).

Enquanto isso, pertencem às demais categorias os estudantes que tiveram sua trajetória educacional atrapalhada por intercorrências. Na última delas, se encaixam os alunos que deixaram de frequentar a escola, seja no ensino fundamental ou médio, e jamais retornaram.

De modo geral, os estudantes da educação básica apresentam trajetórias pouco regulares, sobretudo aqueles do sexo masculino, que estudam em escolas de baixo nível socioeconômico, com deficiência, negros e indígenas e moradores das regiões norte e nordeste.

Em todas essas categorias foi possível observar a persistência de desigualdades raciais e sociais. A maioria dos alunos que concluem o ensino médio na idade correta são brancos, com 53% de regularidade, seguidos por pretos e pardos, com 31% e 36% respectivamente, e então pelos indígenas, com apenas 17% de regularidade.

Isto é, a trajetória escolar dos indígenas é mais do que três vezes mais irregular que a de estudantes brancos.

Os estudantes de nível socioeconômico mais alto apresentam trajetória escolar expressivamente melhor que os estudantes de menor nível socioeconômico. Cerca de 60% do primeiro grupo terminam o ensino médio na idade certa, enquanto o segundo grupo fica na casa dos 30%, uma diferença de 30 pontos percentuais.

É importante ressaltar que os dados se reproduzem quando analisados os recortes das trajetórias limitadas ao ensino fundamental, com poucas diferenças percentuais.

Toda essa irregularidade e disparidade, segundo os autores da pesquisa, implica em vulnerabilidades e menos oportunidades de desenvolvimento para os jovens, além de apontar para uma ineficiência dos gastos públicos com educação.

Desigualdades entre grupos sociodemográficos existem na trajetória escolar e precisam ser explicitadas, segundo os autores. Eles ainda destacaram que o Censo Escolar divulgado pelo Inep é um instrumento adequado para a avaliação e o monitoramento da equidade entre grupos sociais e ao nível municipal, e que a produção de diagnósticos como esse da Fundação Itaú é fundamental para melhorar a qualidade e equidade da educação no Brasil.

Fonte: CNN 

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