Namorada do paciente que estava com AVC relata detalhes do ocorrido no Pronto Socorro Adulto em Botucatu

O portal ALPHA NOTÍCIAS foi procurado por Rosana Valéria dos Santos, namorada do paciente com AVC atendido pelo Pronto Socorro Adulto, relatando com detalhes todo o atendimento prestado pela equipe do PSA na última sexta-feira dia 03 de Março.

Segue o relato:

Na noite de sexta-feira por volta das 21h10, meu namorado Antonio Amauri de Oliveira, começou a apresentar uma dor de cabeça intensa, seguida de vômitos.

Ele queixava-se que a dor era insuportável e  começou a apresentar vômitos sucessivos pela dor que estava insuportável.

Eu liguei para o SAMU, apresentei o caso para a médica que me atendeu e ela perguntou se eu tinha como levá-lo ao Pronto Atendimento, eu pedi que  eles viessem em casa, pois ele já apresentava distúrbio de marcha, havia perdido a força das pernas, eu não conseguia levantá-lo sozinha e o atendimento teria que ser realizado o mais rápido possível, pois  eu suspeitava que ele estava tendo um AVC.

Diante de sua queixa de parestesia facial, afasia motora (dificuldade na fala). A dor de cabeça era intensa e insuportável, daí liguei por mais duas vezes ao SAMU, peguntando se a ambulância já estava vindo.

A médica me informou que todos os carros estavam em atendimento e o primeiro que liberasse ela mandaria para a minha residência.

Em torno de 25 ou 30 minutos após a minha última ligação,  ambulância chegou com uma médica e um enfermeiro.

Iniciaram o atendimento em minha residência, coletou as  informações e histórico do Antônio Amauri,verificaram o sinais vitais e mediram o HGT. A profissinal que  realizou o atendimento fez uma ligação passando o caso e avisando que iria encaminhá-lo ao Serviço de Saúde.

Com a ajuda do enfermeiro carregamos nos ombros o Antônio até a ambulância, pois o enfermeiro disse que não conseguiria subir com a maca por  conta de alguns degraus no quintal da minha residência.

Eu entrei com o Antonio e fiquei na parte de trás na ambulância, segurando a mão dele na maca pois ele se agitava e balançava a cabeça dizendo que a dor era   insuportável.

Eu permaneci acalmando-o e em alguns minutos o carro do SAMU chegou ao Serviço Médico,eu realmente achei que tínhamos chegado na UNESP, achei que estávamos nos levando para a UNESP para uma tomografia, porém, fiquei chocada, pois haviam nos levado ao Pronto Socorro Adulto. Tiraram ele da ambulância e o colocaram numa cadeira de rodas.

Eu perguntei à enfermeira que nos atendeu: “Não deveríamos ter ído à UNESP fazer uma tomografia, o meu namorado apresenta sinais de que está sofrendo um AVC”.

Essa enfermeira do pré-atendimento disse que os profissinais do  SAMU não detectaram isso. Não foi detectado nenhum sinal de AVC,  pois ele apresenta os sinais vitais normais e o HGT não está alterado. Eu disse: “Mas e quanto aos outros sintomas – a dor de cabeça intensa, a parestesia facial, a dificuldade na fala e a perda de força nas pernas,esses são indicativos de um AVC. Ele precisa de uma tomografia com  urgência”.

Ela respondeu: Quem vai dizer se ele precisa de uma Tomografia ou não vai ser o médico. Vocês têm que esperar lá fora, eu classifiquei ele como “VERDE”, o caso dele não é urgente, tem paciente muito mais grave do que ele esperando lá fora.

Ele está sentindo o rosto “entortando” ele dava tapa com a mão na face. A enfermeira (a mesma enfermeira que estava no pré- atendimento) disse: “Ele não está com a face torta”.

Eu disse: “Pode não estar aparente, mas ele queixa que está tendo essa sensação e está com dificuldade de verbalizar as palavras, ele não é assim”. Ela respondeu: “O SAMU já me passou o caso e já tenho ciência de que ele ingeriu bebida alcoolica.

Eu disse, realmente ele ingeriu 2 latinhas de cerveja na parte da tarde há mais de 5  horas atrás e ingeriu apenas 1 cerveja agora a noite.

Esses sintomas que ele apresenta não é de embriaguês. Eu disse várias vezes: “Ele não está alcoolizado”. Ela disse: o médico é que vai avaliar.

Eu disse: “Por favor, põe o caso dele como urgência, pois ele está tendo um AVC.

Ela respondeu: “Não posso passar ele na frente, ele não apresenta sinais de AVC, pois os sinais vitais estão normais e o HGT não está alterado, além disso há muita gente aqui pior do que ele”.

Se ele estivesse tendo um AVC o exame HGT dele estaria alterado daí me pediram para deixá-lo na cadeira de rodas ainda na Sala de pré- atendimento e ir abrir a ficha dele no guichê de atendimento.

Eu abri a ficha e voltei, ele já estava falando com dificuldade e me chamava e pedia para eu não deixá-lo sozinho. Enquanto eu estava abrindo a ficha, ele começou a me chamar, com dificuldade na fala, e dizia: Rosana, vem aqui. Não me deixa sozinho,ele dizia alto, fazia esforço com a fala dificultada.

Ele começou a falar.. “Mônica, que é Mônica”, falava isso várias vezes. Eu perguntei a ele, por que Mônica, ele disse: A Mônica disse assim: “Antônio, se você não calar a boca, eu vou dar um jeito de te calar”.

Essa enfermeira (a qual eu não sei o nome), disse a uma auxiliar de enfermagem que se encontrava juntamente na sala:

“Coloca eles pra fora, na sala de espera”. Nos levaram para a Sala de Espera. Em menos de 15 minutos, ele não verbaliza nem respondia mais, aparentemente havia perdido a consciência.

Eu abri a porta e entrei com ele novamente na sala de pré- atendimento, eu disse: “Ele já está inconsciente”. Eu, mais uma vez, implorei para que o atendimento médico ocorresse com urgência.

A auxiliar de enfermagem que ficava na sala, juntamente com a enfermeira (as mesmas desde o início), ela pegava o braço dele e levantava, o braço caia nas pernas dele. Ela disse que se ele realmente tivesse tido uma perda de consciência o braço cairia no rosto.

De uma forma muito fria e hostil ela erguia o braço e soltava, ela repetiu isso algumas vezes.

Eu segurei o braço dele, pois era uma atitude lamentável. Eu pedi: então vamos refazer os sinais vitais e o HGT. Ela concordou e refez, a pressão dele havia subido, mas disse que o HGT ainda estava normal.

Então, a enfermeira pediu para levarnos até a “Sala Amarela”. O Antônio Amauri já estava totalmente insconsciente.

Eu estava segurando o tronco e a cabeça dele, pois ele estava na cadeira de rodas e já não tinha controle sobre o corpo por estar desacordado.

Permanecemos na Sala amarela por mais de 25 minutos. Eu sai por 5 vezes da sala, fui ao corredor implorar por socorro.

Por duas vezes conversei com um funcionário guarda ou porteiro, uma vez entrei no consultório de um médico.

Por duas vezes voltei na Sala de pré-atendimento, todos me repetiam a mesma coisa, parece que todos haviam decorado  isso:

“Você tem que esperar, não tem só ele de doente aqui, tem gente mais grave”. Mas eu voltei a falar com a enfermeira e eu implorei pra ela.

Ela disse: eu vou lá mas você vai pra fora. Eu disse: Ele está sozinho e desacordado, como eu vou deixar ele sozinho.

Ela respondeu:” Se você não for pra fora não vou atendê-lo. Eu voltei pra sala amarela, pois eu havia ouvido um barulho e achei que o Antonio havia caído da cadeira, ele não caiu.

Mas eu tinha medo que ele caísse e segurava o tronco e o pescoço dele, passou-se mais 5 minutos e ninguém apareceu e eu voltei, eu estava desesperada.

Não importava o que eu fizesse ou falasse, ninguém vinha realizar o atendimento ou pelo menos colocá-lo numa posição confortável.

Parece que que todos os profissionais haviam sumido, era isso que eu sentia.

Então, eu o deixei sozinho e voltei a falar com a enfermeira novamente.

Eu disse: “Faça o seu serviço, o paciente está morrendo e você está agindo com arrogância e descaso.

Você disse há quase 1 hora atrás que iria passar o caso dele ao médico”.

Ela disse: “saia daqui, enquanto você não for pra fora não vou atendê-lo”.

Ela me disse: “Sua horrorosa, você não presta. Se você presta se não estaria aqui”.

Eu não queria deixá-lo sozinho, porque eu queria sair mas que alguém chegasse na sala antes de eu sair, eu não sabia como deixá-lo sozinho naquelas condições.

Mas, sob a chantagem do não atendimento, eu saí e o deixei sozinho na cadeira de rodas.

Eu não sei como foi o atendimento. Não sei quanto tempo eles levaram para ir até a Sala Amarela onde o Antônio Amauri ficou”. Eu saí deixando ele com muito medo de que a posição do tronco e da  cabeça dele estaria dificultando a sua respiração.

Fiquei lá fora. Não deram notícias por uma hora. Após aproximadamente uma hora um médico me chamou, disse que havia feito o atendimento ao Antônio Amauri e ele apresentava sinais de um AVC e que ele teria que intubá-lo, pois a saturação estava a 5% sendo que a partir de 8% já tem que realizar a  intubação.

Eu concordei com a intubação e ele disse que assim que terminasse o procedimento, ele iria ligar na Central de Vagas da Unesp e conseguir uma transferência.

Contactar a equipe de Neurologia e encaminhá-lo via Central de  Vagas, indicando uma Tomografia de Urgência.

Esperei por mais uma hora, quando terminaram o procedimento e o médico me chamou novamente dizendo que havia conseguido realizar a intubação com sucesso e o Antonio estava estabilizaado, porém intubado.

Ele conseguiu a transferência e que já havia chamado a ambulância que o levaria para o hospital das clínicas de Rubião Júnior – UNESP.

Após realização da Tomografia, a equipe de Neurologia chamou os familiares e detectou que ele havia sofrido um AVC hemorrágico e que os danos foram de grande proporção e irreversíveis e que ele não iria resistir, não iria sobreviver.

Diante de tal negligência por parte dos profissionais de saúde, condutas anti-éticas e falta de preparo para suspeita e detecção de um diagnóstico de AVC, venho questionar:

Qual é o “Protocolo para diagnóstico do AVC” que a Saúde Pública do município de Botucatu está seguindo –

O paciente apresentava sinais óbvios de que estava sofrendo um AVC e ficaram presos apenas no exame de HGT, todos os outros sinais e sintomas foram ignorados.

A Humanização do atendimento ao paciente se perdeu no Município de Botucatu? Tem sido comum a conduta anti-ética e desumanizada no Pronto- atendimento?

Toda essa situação mostrou o despreparo e falta de competência para diagnóstico e preparo profissinal para realizar a diferenciação de um caso de Emergência e Urgência de atendimento médico e hospitalar.

O  meu namorado foi vítima de descaso, hostilidade, despreparo profissional, desumanização, conduta anti-ética e negligente.

O portal ALPHA NOTÍCIAS acompanha o caso

 

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

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