O governo do estado de São Paulo já informou que, no segundo semestre, as escolas do Estado determinarão, conforme as suas possibilidades, o número de alunos que poderão participar presencialmente das aulas. Nada mais justo. A atitude anterior era esdrúxula, pois, fixando um percentual, ocorreram injustiças clamorosas. Numa classe onde houvesse apenas vinte alunos matriculados, somente seis podiam assistir presencialmente às aulas. Numa classe onde houvesse quarenta matriculados, doze alunos poderiam frequentar. Ocorre que o espaço físico podia ser o mesmo: de manhã, classe com quarenta alunos; à tarde, classe com vinte alunos. Há alguma lógica sanitária para num período só se permitirem seis alunos e em outro, doze? Claro que não.
Ainda bem que perceberam o erro. Terrível seria se essa postura maquiavélica permanecesse. Assim, aos poucos, iremos voltar à normalidade. Para que isso acontecesse, permitiram que uma verdadeira tempestade destruísse grande parte da educação escolar no Brasil. Num espaço onde o controle é muito mais fácil, deixaram fora da sala de aula milhões de alunos, com as sérias consequências tanto na área formativa como na área informativa. Tanto as escolas públicas como as particulares sofreram essas consequências. Principalmente, as escolas públicas, nas quais os recursos tecnológicos são muito menores. O déficit psicológico e de conhecimentos deve ser trabalhado com urgência, para que, num futuro próximo, possamos retornar ao estágio pré-pandemia, que já não era lá essas coisas.
Um dia desses, perguntaram-me o que deve ser feito nas escolas, após o retorno dos alunos. Não vai ser fácil. Além de todos os cuidados que devem ser tomados, para que a doença não se alastre novamente, é preciso um projeto pedagógico diferente para cada situação. Assim, o mais urgente é fazer uma avaliação diagnóstica séria, para se ter conhecimento da real situação em que se encontra cada aluno. As escolas descobrirão que, numa mesma classe, haverá situações completamente diferentes, que deverão ser trabalhadas psicologicamente. Com esses dados em mão, deverá ser feito um plano para cada grupo de alunos com problemas semelhantes. Não é hora de ficar analisando se esse ou aquele aluno deve ser promovido ou retido. Isso é secundário. Será hora de analisar o que deve ser feito pelos alunos, para que eles possam recuperar conhecimentos e readquirir o
hábito de estudos e o prazer em estudar e frequentar uma escola. Vou usar um termo que faz tempo que não emprego: trabalho hercúleo a ser feito. E como deverá ser hercúleo, é só para pessoas fortes, dinâmicas, que amam a educação e acreditam que só através dela é que conseguiremos cidadãos mais autênticos e capacitados para realizar a sua tarefa na sociedade.
BAHIGE FADEL