Pular de avião com mochila vazia pode ser tão eficaz quanto paraquedas

Pular de um avião com com um paraquedas não é necessariamente mais seguro que com uma mochila vazia nas costas, comprovou um estudo publicado na revista The BMJ, uma tradicional publicação científica britânica ligada à Associação Médica Britânica.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores reuniram um grupo de 23 pessoas, sendo que metade recebeu um paraquedas e a outra mochilas vazias. Depois fizeram com que saltassem de um avião para analisar a diferença nas taxas de sobrevivências dos participantes.

“Nosso estudo inovador não encontrou diferença estatisticamente significativa no desfecho primário [morte] entre o tratamento [paraquedas] e controle [sem paraquedas] braços”, escreveram os pesquisadores. “Nossas descobertas devem dar uma pausa momentânea a especialistas que defendem o uso rotineiro de paraquedas para saltos de aeronaves em ambientes recreativos ou militares.”

Dos voluntários que saltaram do avião com o paraquedas, nenhum morreu. Já entre os que pularam com a mochila vazia, também ninguém morreu. Acontece que o salto não superava os dois metros de altura, já que o avião estava estacionado na segurança do chão.

 

É que a edição da The BMJ publicado no último dia 13 de dezembro é um especial de natal, em que as publicações não mantém a seriedade do resto do ano. A publicação, no entanto, não se resume a uma mera piada. Afinal, o método científico foi respeitado, e serviu para mostrar as limitações na interpretação dos estudos.

“O teste de paraquedas destaca satiricamente algumas das limitações dos ensaios clínicos randomizados”, em que os participantes são aleatoriamente designados para o tratamento ou grupo de controle, a fim de reduzir o viés, eles escreveram.

“Acreditamos que tais testes continuem sendo o padrão-ouro para a avaliação da maioria dos novos tratamentos”, defendeu a publicação. “No entanto, o teste do paraquedas sugere que sua interpretação precisa exigir mais do que uma leitura superficial do resumo do artigo.”

Eles também defendem que os estudos sobre tratamentos que já são bem estabelecidos deve garantir o foco nas pessoas que mais precisam de determinado tratamento. Ou seja, para testar a eficácia dos paraquedas, o estudo precisa necessariamente utilizar aviões que estejam voando, ou, como evidencia o resultado deste, não servem para nada.

fonte: Revista Galileu

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