Religião alucinógena

Estamos vivendo o caos pandêmico da covid-19 em todo mundo. Muita gente já morreu no Brasil e no mundo por conta desse vírus.

Felizmente estamos iniciando a vacinação mundo a fora, para por um fim nesse tempo de choro e lagrima.

Hoje já são mais de 13 milhões de pessoas que foram imunizadas. As vésperas de iniciarmos a vacinação aqui Brasil, em meio a este pandemônio ainda temos que lutar contra um movimento chamado ‘Movimento anti-vacina’ que ganha força e adeptos na sociedade e principalmente dentro dos meios religiosos dos mais fundamentalistas e conservadores até os neopentecostais, e outras espiritualidades e religiões.

Neste texto quero abordar de forma teológica e pastoral esse movimento dentro do arcabouço religioso em que estou imerso.

Um avião não cai de uma hora para outra e nem um navio afunda repentinamente, os especialistas em quedas de aviões e naufrágios dizem que são sequencias de fatores internos e externos que proporcionam uma catástrofe. E de fato, o que estamos vivendo no meio religioso e principalmente evangélico não é diferente e não é de agora. Estamos em meio a uma catástrofe que começou tempos atrás com questões que eram levantadas e tratadas com cunho moralizante e espiritualista, que na realidade era e é um movimento perigoso de idolatria e fanatismo, movimentos esses que já fizeram estragos na humanidade em outros tempos como o Nazismo, a Ku Klux Klan, o Jesus Saves, etc. Agora teimam em retornar com uma nova ‘roupagem’. Esses movimentos se fundamentavam em ‘inimigos’ criados (em suas mentes doentes) para se apossarem de pessoas, ideias e ações, de fato é um principio de dominação, falarei mais adiante sobre isso.

Esses movimentos vieram ganhando força e maior notoriedade no Brasil, principalmente com o aumento do número de adeptos das religiões evangélicas.

Um movimento interessante a meu ver é o de como este processo de catarse se encontra em muitas das diversas linhas teológicas que temos em nosso país. Dos mais conservadores doutrinadores e teólogos tradicionais até os mais extremistas neopentecostais.

Essa catarse conspiratória alucinógena criou raízes profundas nos púlpitos e disseminou o medo e os ‘pseudos-inimigos’ que agora já inundaram as mentes, as orações, os louvores principalmente os ensinos nas igrejas. O espaço já fora criado para que as teorias venham e respondam as angústias dos iludidos, vulneráveis atingidos.

Os fundamentos dessa catarse, não são diferentes dos exemplos citados acima, já ocorrido outras vezes na historia da humanidade, mas que hoje decorrem e discorrem sobre o medo de Deus e medo do diabo.

O medo gera uma sensação de vulnerabilidade e os atingidos por ele precisam urgentemente de um porto seguro e é nessa hora que se apresentam tais correntes de salvação e refúgio.

Na prática hoje é assim que se espalha o medo e a criação de inimigos que chegarão através da vacina; mentem descaradamente sobre os efeitos colaterais delas, e inventam seus perigos como se fossem armas usadas pelos ‘inimigos’ para atingir os escolhidos de Deus, a família, a economia, etc. São pensamentos e teorias das mais medonhas e grotescas, escutei sobre algumas delas, que são: a mudança de DNA, a transformação genética, o Chip espião da China, etc. A criatividade é absurda e infindável, e tudo sem base cientifica nenhuma, fundamenta-se apenas na catarse alucinógena da religião que inventaram. Mentem sobre ideologias politicas por trás dos estudos científicos e usam nome de Deus, sem fundamento teológico nenhum, torcem e distorcem textos e seus contextos bíblicos para permanecerem na ‘bolsa ilusória’ criados como proteção e prevenção contra o ‘mal’.

No caso agora, a catástrofe que começou anos atrás com os mitos de uma sociedade pura, os invencionismos sobre as dominações comunistas, a China que quer dominar o mundo, os inimigos ocultos do ‘Iluminati’ e Nova Ordem Mundial, das mensagens sublimares em desenhos da Disney, e mais recentemente a tal luta contra marxismo cultural, a mamadeira de piroca em 2018, a luta contra a corrupção, a luta pela moral e pela família e coisas do gênero, se transubstanciaram nesse movimento que agora coloca a vida de milhares de pessoas em risco. O medo que outrora era fictício agora é real e a morte que tanto diziam combater se tornam real e perene diante das afirmações ignóbeis criadas no imaginário cristão.

Existe ainda um perigo ainda maior, para o futuro a história já nos ensinou que são nestes ambientes criados na sociedade que emergem os ditadores, os inquisidores e as tiranias.

Já levantaram o bezerro de ouro e estão o adorando como salvador da pátria, da família, dos valores cristãos, já existem aqueles que se dispõem a matar e morrer em nome dele como se fosse um deus e se armam literalmente para defendê-lo. Esse comportamento por parte dos cristãos é paradoxalmente maligno, pois as vidas que querem tanto preservar e a espiritualidade que tanto dizem viver jogam contra a própria vida e o pior joga também contra a vida do outro. Ou seja, o mal que eles dizem tanto combater, emana deles mesmos.

Teologicamente falando todo esse negacionismo não passa de um movimento perigoso e alucinógeno que usa a religião e o nome de Deus para promover o caos.

Esse vírus do negacionismo, do movimento antivacina é letal, já esta espalhado e já contaminou muita gente. Para detê-lo somente o Amor e a ação do Santo Espirito que livra de mal e maldade.

Quero deixar aqui alguns textos bíblicos para não sermos contaminados por esse vírus:

· Romanos 13:10: O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei.

· 1 João 4:18,19- No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.

· João 3:16- Porque Deus amou de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele nele Crer não pereça mas tenha a vida eterna.

· 1 João 4:21-Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

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