O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), falou nesta segunda-feira (22), sobre a possibilidade de ampliar a quantidade de câmeras corporais utilizadas por policiais militares no estado.
“Nós vamos avaliar o uso dessas câmeras, a possibilidade até de ampliação. Isso está sendo estudado com a Secretaria da Segurança Pública“, disse Tarcísio durante a entrega de moradias populares em Guaianases, na zona leste da capital.
O novo posicionamento contradiz declaração do próprio governador. No início do mês, ele havia questionado a utilidade dos equipamentos. “Qual é a efetividade da câmera corporal na segurança do cidadão? Nenhuma”, disse em entrevista à TV Globo, em 2 de janeiro.
Nesta segunda Tarcísio sinalizou que as câmeras devem fazer parte do projeto Muralha Paulista, que prevê investimentos em tecnologia e em monitoramento na área da segurança. Atualmente o estado possui cerca de 10.125 câmeras corporais.
Anteriormente, o governador disse que cumpriria os contratos existentes, mas indicou que não deveria investir mais nos equipamentos. E defendeu que recursos sejam usados em ações que considera melhores para dar segurança à população, como inteligência artificial.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a gestão Tarcísio fez cortes no programa de câmeras para custear outras despesas, como o pagamento de diárias para os agentes que trabalham fora do horário de serviço.
Uma marca do governo no primeiro ano de gestão foi o aumento da letalidade policial, segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de janeiro a novembro de 2023. O caso de mais impacto foi a Operação Escudo, que deixou ao menos 28 mortos de julho a setembro e se tornou a ação mais letal das forças de segurança paulistas desde o massacre do Carandiru.
Logo no início da gestão, em janeiro do ano passado, Tarcísio negou que faria alterações no programa de câmeras corporais, um dia após declaração do secretário da Segurança, Guilherme Derrite, que havia falado em rever a medida.
As câmeras começaram a ser implementadas de forma sistemática em batalhões da PM em agosto de 2020. Sobre a eficácia dos dispositivos, mais de uma pesquisa mostrou que tanto as mortes de PMs como as de suspeitos diminuíram nos batalhões que passaram a usar as câmeras. As mortes decorrentes de intervenção policial caíram 85% nesses batalhões em 2021, em relação ao ano anterior.