Bahige Fadel “Só para Esclarecer”

Falar corretamente não é frescura. Não é esnobismo. Falar corretamente tem vários objetivos. Um deles é respeitar o idioma com o qual você se expressa. Outro objetivo é preservar a língua. Se todos falassem do jeito que quisessem, um dia (muito distante), não teríamos mais línguas. Teríamos uma infinidade de dialetos, o que dificultaria a comunicação fora daquele grupo do dialeto.

Pois bem. Disseram-me que era frescura esse negócio do verbo HAVER, com o sentido de existir, ocorrer. Só que não é frescura. É o respeito às normas da língua portuguesa. Vamos esclarecer. O verbo haver, com o sentido de existir, ocorrer, é IMPESSOAL. O que quer dizer isso? Ele não tem as pessoas do discurso: primeira, segunda e terceira pessoas do singular e do plural. Essas pessoas, sintaticamente, funcionam como sujeito da oração. E o verbo concorda com o sujeito (com a pessoa).

Se o verbo HAVER, com o sentido de existir, ocorrer, não tem pessoa, não tem sujeito. Assim, não tem com quem concordar. Por isso, deverá ficar sempre na terceira pessoa do singular. Exemplo: HOUVE uma prisão; HOUVE várias prisões. Não importa se PRISÃO está no singular ou no plural. pois não é sujeito de HAVER. É objeto direto. Você se lembra de quando aprendeu objeto direto?

E se eu trocar o verbo HAVER por existir, ocorrer? Aí a história é outra. O verbo HAVER é impessoal; o verbo EXISTIR (ou OCORRER), não. Para facilitar, a gente poderia memorizar uma frase simples: Objeto direto do verbo HAVER é sujeito de existir (ocorrer). Então, quando eu falo ‘Ocorreu uma prisão’, o verbo está no singular, porque o sujeito (prisão) está no singular. Se eu passar para ‘prisões’, o verbo deverá ir para o plural, porque o verbo concorda com o sujeito: ‘Ocorreram várias prisões.’
‘Havia vários leões, no zoológico.’ – oração sem sujeito; vários leões = objeto direto
‘Existiam vários leões, no zoológico.’ – vários leões = sujeito (verbo concordando com o sujeito)

Bahige Fadel

Imagem ilustrativa

Sobre Fernando Bruder

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