Prefeitura aumenta número de médicos no Pronto Socorro Infantil apenas em setembro

Após denúncias da Rede Alpha de Comunicação, mas pode estar descumprindo normas do SUS

Após as denúncias publicadas pela Rede Alpha de Comunicação sobre a falta de médicos e a superlotação no Pronto Socorro Infantil de Botucatu, a Prefeitura anunciou um reforço no quadro de profissionais para o mês de setembro. Porém, a medida tem caráter provisório e não se estenderá aos meses seguintes, levantando questionamentos sobre a legalidade da conduta da administração municipal.

A Constituição Federal, em seu artigo 196, e a Lei nº 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde), que organiza o Sistema Único de Saúde (SUS), determinam que é dever do município garantir atendimento universal, integral e contínuo à população, especialmente em serviços de urgência e emergência. Ou seja, não se trata de uma decisão política ou de conveniência, mas de uma obrigação legal.

Na prática, limitar o aumento de médicos a apenas um mês pode configurar descumprimento desses princípios, já que coloca em risco a continuidade da assistência e expõe crianças a longas esperas em situações de vulnerabilidade.

“É revoltante ver meu filho com febre alta e ter que esperar horas porque não há médicos suficientes. Agora aumentam só para setembro? E depois, vamos voltar a sofrer?”, desabafa a auxiliar de serviços gerais Maria da Silva, mãe de uma criança de três anos.

Outro pai, o motorista Carlos Henrique Souza, também se mostra indignado: “A saúde não pode ser tratada como um favor do prefeito. É lei. Não é porque saiu na imprensa que resolveram agir, e mesmo assim só por um mês. Isso é brincar com a vida das nossas crianças”.

Especialistas consultados destacam que a Prefeitura só reagiu após pressão popular e da imprensa, mas segue sem apresentar um plano de recomposição permanente do corpo clínico.

Um médico da equipe do Pronto-Socorro Infantil que preferiu não se identificar ressalta: “A falta de planejamento compromete a confiança da população e coloca em xeque o compromisso do governo municipal com a saúde pública”.

A sociedade civil, respaldada pelas normas do SUS, tem o direito de cobrar que a Prefeitura garanta reforço permanente e não temporário no Pronto Socorro Infantil, sob pena de violar o princípio constitucional de acesso universal e contínuo ao atendimento em saúde.

Sobre Fernando Bruder

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