A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi vítima de assédio sexual em via pública, na terça-feira (4), enquanto participava de uma caminhada no centro histórico da Cidade do México, próximo ao Plácio Presidencial. Um homem se aproximou por trás da mandatária, abraçou, tocou a cintura e o seio dela. O agressor ainda tentou beijar o peçoco de Sheinbaum. O episódio, registrado em vídeo, gerou repercussão internacional sobre violência de gênero.
O homem, identificado como Uriel Rivera, foi detido imediatamente por agentes de segurança e conduzido à Promotoria de Investigações de Delitos Sexuais da Cidade do México, segundo informações oficiais divulgadas pela Procuradoria-Geral de Justiça.
Nas imagens, é possível ver Sheinbaum cumprimentando simpatizantes quando o homem se aproxima por trás e a toca de maneira invasiva. A presidente reage afastando calmamente as mãos dele e diz: “Não se preocupe”, antes que um assessor intervenha e afaste o agressor. Ela ainda aceitou tirar uma foto com ele, dando um tapinha nas costas do homem.
O episódio repercutiu e gerou ampla discussão sobre o esquema de segurança presidencial, considerado discreto desde a extinção do antigo Estado Maior Presidencial, dissolvido por decisão de Andrés Manuel López Obrador, antecessor de Sheinbaum. A medida, mantida pela atual presidente, tinha como objetivo aproximar o governo da população, mas acabou expondo vulnerabilidades.
A titular da Secretaria (ministério) das Mulheres, Citlali Hernández, criticou a agressão: “Repudiamos o ato que nossa presidente viveu hoje”, escreveu Hernández no X, onde também denunciou a “visão machista” e a normalização que alguns homens fazem da invasão ao espaço pessoal e ao corpo das mulheres.
Violência de gênero no México
O caso ocorre em um contexto preocupante. De acordo com o Instituto Nacional de Esdatística y Geografia (Inegi), 45% das mulheres mexicanas já foram vítimas de assédio ou violência sexual em espaços públicos. Em 2024, o país registrou mais de 3 mil feminicídios, segundo dados oficiais, revelando uma crise persistente de segurança e direitos humanos.
Em entrevista ao El País, a advogada e ativista Marta Tagle, ex-deputada e referência em políticas de gênero, afirmou que o caso deve ser tratado como crime e como símbolo de uma luta mais ampla:
“O que ocorreu com a presidente Sheinbaum é o que enfrentam milhares de mexicanas todos os dias: o medo constante de serem tocadas, observadas ou violentadas simplesmente por existirem em público.”
O Código Penal da Cidade do México prevê pena de um a quatro anos de prisão para casos de assédio sexual, além de multa e medidas restritivas. Como o ato ocorreu em local público e contra uma autoridade federal, o processo deve ser analisado pela Promotoria de Delitos Sexuais, que já abriu investigação formal.
A presidência mexicana ainda não divulgou posicionamento oficial detalhado sobre o caso, mas, segundo a Agência France-Presse, fontes próximas informaram que Sheinbaum pediu que o episódio não seja usado politicamente e reforçou o compromisso de fortalecer políticas de combate à violência contra a mulher.
Fonte: Correio Braziliense
Foto: Reprodução
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