Na Usina São Manoel o custo de produção sempre foi o foco e, acreditam os executivos, a única variável possível de ser controlada no setor de commodities. Com base nessa premissa, a atual tetracampeã do anuário as Melhores da Dinheiro 2023 na categoria Agronegócio-Usinas atingiu no ano passado produtividade e resultado financeiro acima do esperado.
O sucesso da estratégia refletiu nos números referentes à safra 2022/23. A empresa processou 3,3 milhões de toneladas de cana, com receita de R$ 950 milhões e margem Ebitda de 65%. “Os bons resultados desse ciclo foram investidos em nossas atividades agrícolas, como na renovação do canavial e nos métodos para viabilizá-las”, disse o executivo.
A iniciativa faz parte de um plano desenhado há quatro safras, desde que a Usina São Manoel evoluiu a postura em relação ao segmento agrícola com foco em alto rendimento e produtividade. “Os reflexos já vêm sendo sentidos. Na última safra obtivemos 10% a mais de rendimento agrícola comparado ao início desse trabalho.”
Os projetos de maior destaque no ano passado estiveram direcionados à manutenção da relação da empresa com os seus profissionais, com foco no clima organizacional, em iniciativas voltadas à carreira e à educação corporativa do quadro de colaboradores e à maturidade do tema diversidade e inclusão, além da implementação de novas tecnologias.
Na indústria os projetos estiveram relacionados a ganhos de qualidade com o emprego de novas tecnologias para o mercado sucroenergético, caso da aplicação de sensores NIR (Near Infra Red) que possibilitaram o trabalho on-line no processo produtivo e aplicação dos algoritmos de indústria 4.0 para maximizar a qualidade do produto e minimizar as perdas, buscando maior produtividade e expansão da capacidade de processamento de cana.
Ainda na área industrial foi lançado o programa de formação Proform — projeto que havia sido implementado como piloto na área de manutenção agrícola. “Alocamos esses colaboradores durante 12 meses em áreas específicas, para que, após um ano, sejam avaliados em relação ao seu desempenho com a possibilidade de contratação efetiva”, afirmou o executivo. Assim, a empresa resolveu duas demandas específicas da área: a alta senioridade e a dificuldade em contratar profissionais de base.
Excedente
Neste ano, a Usina São Manoel tem aproximadamente 4 milhões de toneladas de cana em pé com a previsão de moagem de 3,9 milhões de toneladas até o fim da safra. A empresa atingiu até agora a marca de 96 toneladas por hectare e tem gerado um excedente de caixa de aproximadamente R$ 70 milhões para a safra 2023/24. “Possivelmente, esse valor será endereçado a expansões agrícolas.”
“Para o grupo, a estratégia é entrar no setor imobiliário. em nível de empresa, o desafio é buscar projetos que tragam estabilidade ao negócio.”
Pedro Dinucci, presidente do Conselho
O comportamento do mercado em relação às duas principais áreas de atuação da empresa, açúcar e etanol, é distinto. Quanto a preços, continua favorável ao açúcar, havendo ainda um “upside significativo” no preço de venda para a safra de 2023/24 na comparação aos anos anteriores.
“Em relação ao etanol, o mercado tem olhado os movimentos como o ‘combustível futuro’, que visa aumentar a mistura do etanol anidro, a recuperação mundial do preço do petróleo e o mercado marchando para o aumento do mix de açúcar (o que naturalmente reduz a oferta de etanol) com otimismo.”
Os projetos seguem, e os desafios também. Neste ano, o principal é a estabilização e o crescimento do negócio. A Usina São Manoel é focada no agronegócio. Enquanto grupo, busca a diversificação para endereçar as volatilidades existentes no segmento.
“A estratégia traçada é entrar no setor imobiliário”, disse Dinucci. Já em nível de empresa, o desafio é buscar projetos que tragam estabilidade ao negócio. “Nesse sentido, estamos desenvolvendo iniciativas como cogeração de energia e biogás, entre outros.”
Do ponto de vista de produtos, o presidente afirmou que o açúcar e o etanol são dois ótimos negócios, porém, a Usina São Manoel também busca caminhar na cadeia de valor para a parte menos comoditizada.