O município de Jundiaí, no interior de São Paulo, será responsável por centralizar a futura defesa antiaérea do Exercito no país.
No último dia 15 de julho, inclusive, uma cerimônia confirmou a mudança do nome do quartel da cidade de 440 mil pessoas a cerca de 60 km da capital paulista. O 12º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha) passou a se chamar 12º GAAAe (12º Grupo de Artilharia Antiaérea).
Até 2039, dentro do projeto Força 40 de modernização do Exército, se prevê a conclusão da inédita implantação no país de um sistema de defesa antiaérea de média altura, com mísseis que podem alcançar 15 km de altura (cerca de 50 mil pés) e um raio de até 40 km de distância (podendo chegar a 60 km).
O investimento em armamentos de média altura foi apontado como imprescindível, segundo uma portaria publicada pelo Exército em julho, com as diretrizes do projeto.
De acordo com o general de brigada Marcos José Martins Coelho, à frente do Comando de Defesa Antiaérea do país, Jundiaí foi selecionada, entre outros, por sua posição de estratégia de logística -o quartel escolhido para o novo grupamento fica às margens da rodovia Anhanguera, a menos de 50 km do rodoanel Mário Covas, e com fácil acesso à Baixada Santista.
O deslocamento via terra e mar ocorre pela dificuldade de se levar esses equipamentos em aviões cargueiros, pelo grande volume.
De Jundiaí seria possível defender ataques aéreos na região da capital paulista ou de polos econômicos próximos, como Campinas e Sorocaba. Mas o equipamento é móvel e pode ser levado a qualquer lugar.
“Foi identificado que a lacuna de capacidade representada pela inexistência de sistemas de defesa antiaérea de média altura e médio alcance necessita ser solucionada com premência, o que caracteriza sua obtenção como sendo de natureza emergencial”, diz o documento.
O comandante cita as guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia como exemplos desses conflitos de larga escala.
“As pessoas estavam capacitadas a um tipo de material bélico. Agora passam a trabalhar com outro bem diferente, com muita tecnologia embarcada e potencialidade bélica”, afirma. “Surgem novas capacidades de combate, que exigem novas capacidades de defesa.”
Os planos de reforço antiaéreo começaram a ser desenhados bem antes do recente posicionamento de navios e aviões militares americanos na região do Caribe contra o que o presidente Donald Trump rotulou de proteção contra o tráfico de drogas da Venezuela.
“Estamos na fronteira, eles [Venezuela] são um país fronteiriço. Não é o fundamental, não é por isso que nós estamos fazendo [a compra do armamento]. Mas reforça a ideia de que precisamos do equipamento.”
Atualmente, o Exército está na fase de espera e análise das propostas de fabricantes bélicos de várias partes do mundo -indústrias da Índia, Itália, Alemanha, França Israel, Estados Unidos e Turquia, por exemplo, foram contatadas. Algumas já responderam.
Valores e prazos para compra não são citados, mas no inicio de julho a rede CNN afirmou que o Brasil havia desistido de uma negociação para compra de armamentos da Índia e tinha aberto negociações com a italiana MDBA para possível aquisição de sistemas Emads (Enhanced Modular Air Defense Solutions ou na tradução literal, soluções modulares de defesa aérea), o que proporcionaria uma economia de R$ 5 bilhões.
Outros armamentos que podem estar em análise são o alemão IRIS-T SLM/SLS, da Diehl Defence, ou o Aster (SAMP/T), da francesa Eurosam.
“Depende do equipamento, tem um custo razoável. Mas em um cenário hostil, ele defende um ataque à hidrelétrica de Itaipu”, exemplifica o general Coelho.
Inicialmente, o investimento será apenas no município paulista, mas há estudos em mãos do Exército para expansão do projeto de defesa antiaérea de média altura para outros estados.
Atualmente, o Comando de Defesa Antiaérea tem sete unidades operacionais no Rio Janeiro, em Praia Grande (SP), Caxias do Sul (RS), Sete Lagoas (MG), Manaus, Brasília e agora Jundiaí.