O ministro Luís Roberto Barroso diz que saída do  Supremo Tribunal Federal (STF) não tem a ver com sanções dos EUA

O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF) não tem relação com as sanções impostas pelos Estados Unidos a magistrados brasileiros.

Em entrevista após o anúncio feito nesta quinta-feira (9/10), Barroso disse que já havia cumprido seu papel na Corte e que considerava ser o momento de dar lugar a outro ministro. Ele também destacou que sempre defendeu o “modelo alemão, com mandatos de 12 anos”.

O ministro ainda lamentou as sanções aplicadas contra o colega Alexandre de Moraes e contra a esposa dele, Viviane Barci de Moraes.

“Não tem nenhuma relação com os Estados Unidos [a aposentadoria]. Espero que isso se resolva, porque acredito que nós simplesmente cumprimos — e bem — o nosso dever. Não me é indiferente o tipo de sanção que recaiu sobre o ministro Alexandre e sobre a esposa dele. Pelo contrário, acho que foi um movimento errado [dos EUA], baseado em uma narrativa falsa, que precisamos continuar a desfazer”, disse.

“Já disse isso e acredito em uma fagulha divina. Na verdade, é preciso que eles [EUA] conheçam a verdade. Aqui, nós fizemos tudo como tinha que ser feito, dentro da Constituição e das leis. Pessoalmente, tenho ligações acadêmicas com os Estados Unidos há muito tempo. Estudei lá, fiz meu mestrado, meu pós-doutorado, e tenho vínculo com a Escola de Governo de Harvard. Não me é indiferente, mas vivo a vida como ela vem”, completou.

O magistrado de 67 anos já vinha dando sinais de que pretendia deixar o tribunal. O único impasse restante é a conclusão dos processos que estão sob seu pedido de vista — ele pretende devolvê-los para julgamento antes de sua saída.

Julgamento

Barroso afirmou que a decisão de se aposentar do STF seria tomada após um retiro espiritual, mas, diante das especulações sobre quem poderia ocupar sua vaga, decidiu antecipar a saída. Ele ressaltou que não poderia deixar a Corte durante o julgamento da tentativa de golpe de Estado.

“Começou a haver uma especulação tão grande, e eu não teria saído em um momento mais convulsionado, como o que vivemos. Não podia sair antes de terminar os julgamentos do golpe; era meu dever estar aqui, ao lado dos meus colegas”, afirmou Barroso.

O ministro explicou que considerou este o momento mais tranquilo para encaminhar sua aposentadoria, após 12 anos no tribunal. “Eu não gostaria de sair no meio [do julgamento] de um momento confuso e achei que agora o momento está tranquilo. O Brasil nunca é 100% tranquilo, mas o país está institucionalmente muito bem. E considerei que este era o momento em que eu poderia sair sem causar maior abalo ou consequência”, completou.
Fonte: Metrópoles
Foto: Carlos Moura/SCO/STF

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