Mariana (MG): Dez anos de luto e luta, o legado da pior tragédia ambiental do Brasil ainda aguarda justiça plena

O dia 5 de novembro de 2025 marca um marco doloroso: dez anos desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), o evento que se consolidou como a maior catástrofe ambiental e humana da história do Brasil. A data serve como um momento de profunda reflexão sobre as perdas, a lentidão da reparação e a persistência da busca por responsabilização das empresas envolvidas.

O Desastre e a Busca por Responsabilidade

Em 2015, o colapso da barragem de rejeitos da Samarco (controlada pela BHP Billiton e Vale) devastou comunidades, ceifou vidas e lançou milhões de metros cúbicos de lama tóxica no Rio Doce, atingindo ecossistemas e populações por centenas de quilômetros.

Dez anos depois, a justiça segue sendo um pilar central. Campanhas de vítimas e ativistas continuam a pressionar as gigantes BHP Billiton e Vale. Há grande expectativa para o final de 2025, quando um julgamento em corte no Reino Unido pode finalmente responsabilizar formalmente essas corporações.

Compensação e o Programa Definitivo

Em um esforço para endereçar os danos, o Programa Definitivo de Compensação (PID) da Samarco envolve mais de 300 mil vítimas. Até agosto de 2025, mais de R$ 5,57 bilhões foram desembolsados em acordos financeiros. No entanto, a adesão a este programa implica que as vítimas abrem mão de futuras reivindicações judiciais, um ponto de constante debate.

Adicionalmente, em outubro de 2024, BHP e Vale firmaram um acordo com o governo brasileiro no valor de quase US$ 30 bilhões para cobrir custos de restauração ambiental e reassentamento, um valor validado pelo Supremo Tribunal Federal em novembro do mesmo ano.

Impacto Ambiental e Social Persistente

Apesar dos bilhões investidos e dos esforços de limpeza, a bacia do Rio Doce e as comunidades afetadas ainda lutam contra as consequências. Relatos de moradores e grupos ambientais apontam para uma remediação inadequada, com desafios contínuos na recuperação da saúde ecológica da região e no restabelecimento dos meios de subsistência tradicionais.

A década que se encerra reforça que a recuperação total é um processo de longo prazo, onde a vigilância social e a pressão por transparência continuam sendo ferramentas essenciais para garantir que as promessas de reparação se transformem em restauração efetiva.

Sobre Fernando Bruder

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