“Meu pai entrou aqui com um formigamento no pé e, agora, está quase vegetando”. A frase é do publicitário Carlos Fendel, 41 anos, que se acorrentou a um pilar na entrada do Hospital Estadual (HE) de Bauru nesta quarta-feira (6). “Só vou sair daqui quando meu pai tiver o tratamento adequado”, completa. A Secretaria de Estado da Saúde, por sua vez, diz que o paciente está recebendo toda a assistência necessária.
Carlos relata que seu pai, Leonildo José Fendel, 68 anos, enfrentou uma “saga” na unidade hospitalar até ser diagnosticado com Síndrome de Guillain-Barré – doença do sistema nervoso, provavelmente de caráter autoimune, marcada pela perda motora e paralisia – mesmo já tendo dando entrada no hospital com suspeita da enfermidade.
Como Carlos teve um funcionário que foi diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré, ele conta ter cogitado para o médico a possibilidade de o pai ter a mesma doença. “Falei isso para o médico e ele concordou. Indicou a internação do meu pai e colocou a suspeita da síndrome”.
Leonildo foi internado no HE em 20 de dezembro, mas, de acordo com Carlos, mesmo com a suspeita da Guillain-Barré, o exame de detecção da doença não foi feito. “Eles fizeram vários outros exames, como de sangue, raio-X, ressonância, mas não fizeram o exame para detectar a síndrome. E, nesse período todo, o problema foi ‘subindo’ e meu pai foi perdendo toda a sensibilidade”.
Inicialmente, o exame foi agendado no HE para o dia 11 de janeiro. Como a família considerou o prazo muito demorado, resolveu tentar realizar o diagnóstico na rede particular. “Iríamos fazer o exame particular na segunda-feira (4). Já estava tudo marcado e certo, mas, no sábado (2), a equipe do Hospital Estadual disse que meu pai não poderia ser retirado de lá nessas condições”.
O publicitário conta que, diante da impossibilidade da realização em rede particular e “após muita briga”, o exame foi, enfim, remarcado para a própria segunda-feira (4) no HE. “O exame foi feito e, duas horas depois, veio o laudo de que era a Síndrome de Guillain-Barré”.
Problema resolvido? De acordo com Carlos Fendel, não. “Passaram quase dois dias e não começaram o tratamento dele. Já teve toda a demora para fazer o exame e, agora, essa questão. Por isso, resolvi me acorrentar aqui hoje (ontem). É a única coisa que eu podia fazer ao ver meu pai definhando daquela forma. Também já acionamos um advogado para tentar um mandado de segurança”, conclui.
Até o fechamento desta edição, o homem seguia acorrentado no Hospital Estadual.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que “Leonildo José Fendel vem recebendo toda a assistência necessária das equipes médicas e de enfermagem, com avaliações diárias de especialistas para melhor tratamento no Hospital Estadual de Bauru”.
De acordo com a pasta, também foram feitos diversos procedimentos, como exame de ressonância magnética e exame de eletroneuromiografia. “Nova avaliação estava programada inclusive para hoje (ontem) com a equipe de neuroclínica. Todas as equipes estão dedicadas para definir o diagnóstico do paciente”, pontua o Estado, complementando que a unidade tem fornecido todas as informações e orientações aos familiares e segue à disposição para esclarecimentos.
fonte: JCNET