E o tema da redação do vestibular da Unesp 2025 foi “Medicalização da vida: a quem interessa?”. A seguir, confira um texto produzido pelo professor Nelson, da Escola de Redação Nelson Letras, sobre o tema deste ano.
“Esclarecimento, “Aufklärung” é a saída do homem de sua menoridade, da incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem o direcionamento de outro indivíduo”; “O homem inventou o ideal para negar o real, transformando-se em uma espécie sofredora, improdutiva”. Esses pensamentos pertencem, respectivamente, aos filósofos Immanuel Kant e Friedrich Nietzsche, os quais, sob perspectivas diferentes, refletiam sobre a dominação social que busca anular a essência do cidadão com o objetivo de lhe impor uma submissão. Seja pelo impedimento da razão, seja por controles morais que oprimem as emoções do indivíduo, mais recentemente, a evolução na medicina e na produção de medicamentos tem se transformado em uma nova ferramenta que, ao injetar uma ideologia de que determinadas emoções, como ansiedade e tristeza, são anomalias as quais não pertencem ao ser humano, domina-o para fins, principalmente, econômicos.
As ideias de Kant, filósofo do século XVIII, buscavam a liberdade de pensamento do indivíduo. Ser livre, para ele, consiste em o cidadão agir de acordo com sua razão e não segundo o pensamento de outro. Fazendo-se uma analogia com o mundo pós-moderno e o progressivo consumo de medicações, muitas vezes, desnecessárias, observa-se que grande parte da sociedade continua em uma menoridade intelectual, uma vez que não possui conhecimento sobre doenças físicas ou transtornos mentais e, impulsionada pela indústria farmacêutica e pelo ideal de ser humano normal que predomina, principalmente, nas redes sociais, deixa-se conduzir por estas como “um gado doméstico que não ousa dar um passo fora do carrinho para aprender a andar”. Assim, a medicalização indevida, resultado do condicionamento de uma idealização de ser perfeito, é um controle social que impede muitas pessoas de agirem segundo o próprio entendimento e de alcançarem a maioridade.
Algumas décadas depois de Kant, o pensador, também alemão, Friedrich Nietzsche, ao “martelar” outros filósofos e suas reflexões, supervalorizou a emoção em detrimento da razão. Embora sejam perspectivas diferentes sobre a essência humana, ele também criticou o controle social, mas indo contra as muletas sobre as quais o indivíduo se apoia para projetar – a fim de não sofrer – uma felicidade fora da realidade. Entretanto, para Nietzsche, esse niilismo seria o real causador do sofrimento, pois anularia e essência do homem. Da mesma forma, na atualidade, o progresso médico-farmacêutico anula o indivíduo ao lhe estabelecer um ideal de felicidade, sem, por exemplo, as dores de um luto, ou um abatimento por não se conseguir pagar uma dívida, os quais são intrínsecos ao cidadão. Ao se problematizar algo que é da natureza humana, a vida passa a ser compreendida como uma doença, que precisaria ser medicada.
Desde criança, o homem pós-moderno tem sido manipulado com comprimidos abstratos – a felicidade tóxica das redes sociais e outras mídias – e concretos – ansiolíticos, antidepressivos – que vêm tirando sua essência, pois, até mesmo, atitudes infantis, por exemplo, brincar, correr e gritar, passam a ser vistas como um transtorno que necessita de medicação. Todo esse controle, essa medicalização da vida, é interesse de indivíduos que se opõem à humanidade – uma vez que vai de encontro à razão e à emoção – e que, em busca, principalmente, de poder econômico, utilizam a ideologia enganadora imposta. São desde as big techs e seus influenciadores até a indústria farmacêutica os quais se enriquecem vendendo emplastos que retiram a humanidade do ser, ou seja, sua autonomia de pensamento e as manifestações de sua subjetividade, suas emoções.
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