Porções de drogas, minicelulares, dinheiro, fios de carregador e até agulhas e tintas para tatuagem. Esses são alguns dos itens que detentos das unidades prisionais de Bauru engoliram para tentar entrar com os ilícitos nos presídios. Conforme o JC vem noticiando, esses presos são chamados de ‘barrigueiros’. Entre 1 de janeiro e 28 de junho deste ano, a média foi de 15 casos ao mês, o que representa um flagrante dia sim, dia não.
Segundo um levantamento feito pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) a pedido do JC, nos três Centros de Progressão Penitenciária (CPPs) de Bauru, foram, neste primeiro semestre, 90 casos de sentenciados que, seja no retorno da saída temporária ou na volta do trabalho externo, foram pegos com ilícitos dentro do corpo. Já no ano passado, quando a prática criminosa ‘explodiu’ no município, foram 141 casos. Em 2021, foram 83.
Na maioria das ocorrências, o detento consegue expelir os itens. Contudo, há casos mais graves, em que é necessário realizar procedimento cirúrgico para retirar os objetos do estômago ou do intestino. Ou seja, com a prática, esses detentos arriscam perder o benefício do regime semiaberto e também colocam em risco a própria vida, já que podem não conseguir expelir os ilícitos a tempo, ou as embalagens podem abrir no estômago, causando danos ainda maiores. Em 2021, um reeducando morreu de overdose depois de engolir um pacote com cocaína.
TATUAGEM
Um caso de ‘barrigueiro’ que chamou bastante atenção neste ano foi registrado na semana passada, no CPP-1. Na ocasião, um detento engoliu dez agulhas e 22 invólucros contendo tintas para tatuagem, além de um fone de ouvido. No mesmo dia, outro recluso também engoliu um pedaço de fio elétrico, 20 chips, duas placas de telefones móveis e um plug USB.
Eles foram barrados pelo escâner corporal na volta da saída temporária, na segunda-feira (19), e conseguiram expelir os objetos três dias depois. Somente naquela semana, o CPP-1 contabilizou 11 casos de ‘barrigueiros’ que, pela prática criminosa, retornaram ao regime fechado para cumprimento da sentença judicial.
MOTIVAÇÃO
Marcelo Bertoli Gimenes, delegado da 2.ª Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (2.ª Dise) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), que investiga a existência de quadrilhas que organizam a prática criminosa, explica que os detentos têm, geralmente, três motivações para tentar entrar com os ilícitos.
“A motivação mais comum é ganhar dinheiro. A segunda, geralmente, é a quitação de dívidas, já que a conta é extinta mesmo que o detento não consiga introduzir o ilícito no presídio. E, por fim, eles objetivam o uso próprio. Mas eles estão sempre em busca de estratégias para introduzir esses objetos”, complementa.
Delegado Marcelo Bertoli Gimenes, da 2.ª Dise, investiga possíveis esquemas criminosos envolvendo ‘barrigueiros’ em Bauru (crédito: Larissa Bastos)
Fonte: JCNET