Refugiados Ambientais e Vulnerabilidade Social

Prof.Nelson Letras elabora redação sobre o tema da Fuvest/2023

“REFUGIADOS AMBIENTAIS E VULNERABILIDADE SOCIAL”

 

Você que fez a segunda fase do vestibular da Fuvest, confira a dissertação desenvolvida pelo professor Nelson, da Escola de Redação Nelson Letras, sobre o tema pedido “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”.

 

Conscientização ambiental e empatia social

 

Em 2022, comemoraram-se os trinta anos da Eco-92, conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, realizada no Brasil, com o objetivo de colocar em prática medidas para conter a devastação ambiental em busca do desenvolvimento sustentável. A Eco-92, além de um marco que trouxe à pauta política internacional e à sociedade temas mais restritos à comunidade científica, foi um evento que colocou o Brasil numa posição privilegiada no cenário internacional sobre clima e meio ambiente. Todavia, mesmo após trinta anos, não só o Brasil como todo o planeta sofrem as consequências da interferência humana nos ecossistemas e, dentre elas, encontra-se a crise de refugiados devido a desastres na natureza consequências de mudanças climáticas. Assim como em outras situações, os principais prejudicados são os mais vulneráveis socialmente.

O ano passado foi marcado por inúmeras chuvas torrenciais que implicaram centenas de mortes no território brasileiro e, a despeito disso, o orçamento para 2023 deixado pelo Governo Bolsonaro para prevenção contra enchentes foi de 500 reais para cada cidade do País. Os problemas causados por enchentes que prejudicam sobretudo os mais vulneráveis também causam migrações, pois, com seus lares destruídos, muitas pessoas precisam fugir dos desastres para outras regiões aumentando, assim, o desemprego e o número de moradores de rua.

De acordo com o INPE, o País vem batendo recordes de desmatamento nos últimos anos.  Caso esse problema não seja resolvido – conforme indicam estudos científicos -, a região sudeste, por exemplo, sofrerá com secas podendo se tornar uma região desértica. Os problemas enfrentados por nordestinos que precisam fugir da seca também ocorrerão em outras áreas, entretanto, talvez, um dia não haja para onde fugir. Fazendo uma alusão à obra literária de Graciliano Ramos, a região que hoje é marcada pelo preconceito aos nordestinos, também será assolada por Vidas Secas, contudo estas também serão essencialmente de vulneráveis como na história de Fabiano e Sinhá Vitória.

Assim como o Brasil, várias regiões do planeta vêm sofrendo com a elevação da temperatura, haja vista o calor recorde registrado na Índia, o qual implicou, dentre outros males, o desabastecimento de água para milhões de pessoas. Temperaturas extremas de calor e frio tendem a ser cada vez mais frequentes, e a imensa parcela populacional de baixo poder aquisitivo não possui recursos para enfrentá-las e suas consequências. Por isso – segundo um relatório do Banco Mundial publicado em 2021 -, as regiões do globo com maior número de migrantes devido ao clima serão as regiões mais pobres, como a África subsaariana com uma perspectiva de 86 milhões de refugiados até 2050.

Cidadãos sem moradia, desemprego, excesso populacional e xenofobia são algumas consequências dos deslocamentos forçados devido a mudanças climáticas e aos desastres naturais. O Brasil e o mundo precisam retomar a agenda climática assim como a defendida na Eco-92 com conscientização e políticas ambientais. São necessários recursos para regiões de seca, para regiões de risco, para criação de moradias e empregos em áreas apropriadas para habitação. Refugiados ambientais precisam de programas assistenciais somados à compreensão e à empatia. Lembrando o discurso da ativista Greta Thunberg: “Eu não quero sua esperança. Eu não quero que sejam esperançosos. Eu quero que vocês entrem em pânico.”, é mister agir sobre a realidade e não protelar mais.

 

 

ESCOLA DE REDAÇÃO NELSON LETRAS

– RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES

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– MATERIAL PRÓPRIO

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