Prof. Nelson Letras elabora redação sobre o tema da UNESP – “Tempo é dinheiro?”

Você que fez a segunda fase do vestibular da Unesp, confira a dissertação desenvolvida pelo professor Nelson, da Escola de Redação Nelson Letras, sobre o tema pedido “Tempo é dinheiro?”.

 

      Fruto de uma ideologia capitalista, o pensamento coletivo possui como realidade a visão de que tempo é dinheiro. Sem a capacidade de compreendê-la sob outras perspectivas, muitos indivíduos, vivendo em uma Menoridade – lembrando as reflexões do filósofo iluminista Immanuel Kant sobre liberdade de pensamento -, possuem um consciente e inconsciente construídos sob valores positivistas que os mantêm como um objeto e não como um sujeito da realidade. Entretanto, apreçar o tempo é apressar o final da vida limitando os prazeres de sua existência.

“Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade”. Há três mil anos, no livro de Eclesiastes, o rei de Israel, Salomão, refletia sobre a importância de o ser humano perceber que tudo é passageiro, que é necessário compreender a relação entre o indivíduo e o tempo, que há tempo para tudo, para alegrar-se e entristecer-se, para plantar e colher, para viver aproveitando o dia. Todavia é difícil, para o homem, relacionar-se assim com o tempo, e, desde que a realidade capitalista passou a reger as sociedades, o motivo da existência, equivocadamente, vê a utilidade da vida na busca de capital, compreendendo o tempo como moeda.

No século XIX, o pensador alemão Karl Marx defendeu a concepção de que “aquilo que os indivíduos são depende das condições materiais de sua produção”. Segundo Marx, muitos valores morais são ideologias impostas pela classe dominante, consequências dessas condições. Assim, o modo de produção da vida material cria as relações de exploração de trabalho, implicando a manutenção da ética de que o trabalho dignifica o homem, de que viver é trabalhar, de que o tempo deve ser utilizado para a produção de capital com a crença de que esta é sinônimo de felicidade.

O pensamento marxista vai de encontro a doutrinas como o Positivismo do filósofo Auguste Comte, ou o Taylorismo e o Fordismo; sistemas que influenciaram consciente e inconsciente dos indivíduos com a falsa concepção da realidade de que os minutos, horas, dias, anos devem ser mensurados de forma monetária. Atualmente, na sociedade moderno-líquida, o pensamento é ampliado pelas relações efêmeras e superficiais entre grande parte da humanidade e o que está ao seu redor, impossibilitando-a de compreender que essa ideologia cobrará um preço sem um amanhã.

Como muitas pessoas estão presas ao Rolex que controla suas vidas e que monetiza cada momento passado, é mister alcançar a Maioridade, usar a racionalidade, a utopia a qual possibilita descontruir a ideologia recalcada no ser, para transformar a realidade, para se compreender que tempo não é dinheiro, que tempo é uma sucessão de momentos os quais devem ser aproveitados sabendo-se que, embora sejam únicos, devem ser desfrutados como uma sequência infinita de repetições, assim como na filosofia do Eterno Retorno desenvolvida, no século XIX, pelo filósofo Friedrich Nietzsche.

 

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