Mais uma vez, o transporte público de Botucatu enfrenta uma grave crise que afeta diretamente a rotina de trabalhadores, estudantes e idosos que dependem exclusivamente do serviço para se locomover. Ao longo desta segunda-feira, 14 de julho, 7 ônibus da empresa Pontual, contratada pela Prefeitura de Botucatu, interromperam o tráfego por falta de combustível — justamente nos principais horários de pico, nos períodos da manhã e final da tarde.
A Pontual opera 14 linhas na cidade. Destas, ao menos 7 foram impactadas com veículos que simplesmente pararam no meio do trajeto, deixando os passageiros à mercê da própria sorte.
Funcionários da própria empresa, que pediram para não serem identificados por medo de retaliações, revelaram que os ônibus possuem capacidade para 280 litros de diesel, mas estão sendo abastecidos com apenas 28 litros por dia — o que equivale a cerca de 10% da capacidade total. Segundo eles, a Pontual está enfrentando dificuldades para pagar fornecedores locais de combustível, o que inviabiliza o abastecimento adequado da frota.
A situação revoltou usuários do transporte coletivo. Muitos reclamam que não há qualquer forma de ressarcimento após os veículos pararem no meio do caminho, e que, em muitos casos, precisam aguardar por horas até que outro ônibus — normalmente lotado — chegue ao ponto. Quando isso não ocorre, são obrigados a pagar outro meio de transporte por conta própria, mesmo tendo já desembolsado a tarifa.
“É um absurdo Botucatu ter uma das maiores fabricantes de ônibus do Brasil e ter um péssimo serviço de transporte público para os moradores da cidade. Isso é vergonhoso para a cidade”, declarou indignado o usuário Artur Germano, que aguardava há mais de uma hora.
Outros relatos reforçam o clima de frustração:
Maria das Graças Oliveira, aposentada, 68 anos, disse:
“Eu estava indo ao médico quando o ônibus parou perto da rodoviária e o motorista falou que tinha acabado o combustível. Tive que voltar pra casa andando. Uma cidade desse tamanho não pode tratar seus cidadãos assim!”
Rafael Henrique da Silva, estudante universitário, afirmou:
“Já perdi duas provas esse semestre porque o ônibus não apareceu. Hoje, o motorista parou no meio do caminho e só disse ‘acabou o diesel’. Nem avisam antes. A gente é tratado como nada.”
Luciana Mendes, auxiliar de enfermagem, reclamou:
“Trabalho no hospital e dependo do ônibus todo dia. Quando ele quebra ou para por falta de combustível, meu salário é descontado por atraso. Quem vai pagar por isso? A prefeitura? A empresa?”
A equipe de jornalismo da Rede Alpha procurou a direção da empresa Pontual. O gerente operacional, Francisco Ferreira Pinheiro Júnior, confirmou que a empresa enfrentou dificuldades com a bomba de abastecimento e que a reserva interna de combustível não foi suficiente para suprir a frota. Ele afirmou que o problema foi regularizado no período da tarde, mas denúncias de interrupções no serviço seguiram sendo registradas até o início da noite.
A Rede Alpha também entrou em contato com o prefeito Fábio Leite, a secretária de Comunicação Cinthia Al-Lage e o secretário adjunto de Transportes Rodrigo Fumes, mas até o fechamento desta reportagem, nenhum deles prestou qualquer esclarecimento à população.
A Rede Alpha continuará acompanhando o caso e permanece à disposição das autoridades municipais para eventuais esclarecimentos. O espaço segue aberto para respostas oficiais. Enquanto isso, a população de Botucatu segue enfrentando, sozinha, as consequências de um transporte público que falha dia após dia.