Em uma decisão que tem causado indignação entre profissionais de saúde e pais de crianças em Botucatu, o prefeito Fábio Leite reduziu de 6 para apenas 4, o número de médicos atuando no Pronto Socorro Infantil (PSI).
A medida ocorre justamente no período mais crítico do inverno, quando há aumento significativo de casos de doenças respiratórias entre crianças e a demanda por atendimento cresce de forma exponencial.
E neste momento mais crítico do inverno, quando doenças respiratórias lotam unidades de saúde, a gestão do prefeito Fábio Leite decidiu reduzir os médicos da equipe do PSI.
Esta medida afeta diretamente a rapidez e a qualidade do atendimento às crianças. E contraria a promessa feita, pelo próprio prefeito, durante os 100 primeiros dias de governo.
A promessa foi de ampliar o número de médicos e criar novos serviços de urgência e emergência em outras regiões da cidade.
Quase 200 dias depois, nada foi ampliado. Ao contrário, houve corte de profissionais, justamente, no setor mais sensível para a saúde pública, a saúde das crianças.
1. PROMESSAS X REALIDADE
A promessa feita nos início de abril, em coletiva com os secretários municipais e a imprensa, nos primeiros 100 dias de governo, era que em 60 dias haveria aumento de médicos e início de mais 5 serviços de urgência e emergência tanto para adultos quanto para as crianças. No entanto a realidade, quase 200 dias depois, é que pouco ou quase nada ainda foi concretizado.
Em relação ao PSI, a promessa era ampliar o quadro de médicos mas na verdade, houve redução de 6 para 4 médicos.
Já sobre a criação de outros 5 novos serviços de urgência e emergência para descentralizar e estar mais perto de outras regiões populosas da cidade, facilitando o acesso da população, principalmente de areas distantes dos atuais Pronto Socorros, tanto do PSA quanto do PSI, até o momento, nenhum novo serviço foi implantado.
Além disso, a redução no tempo de espera para atendimento, segundo vários usuários, só aumentou.
O prefeito Fábio Leite, no início do mandato, disse que a priorização da saúde seria o “pilar de gestão”. Mas a falta de transparência e retrocessos tem causado muitas reclamações da população.
2. IMPACTOS DIRETOS
Toda essa situação tem gerado:
* Filas mais longas;
* Aumento no tempo de espera: há relatos, nas redes sociais, de pais que esperaram mais de 3 horas pelo atendimento;
* Sobrecarga de profissionais: os médicos e equipe de enfermagem precisam atender mais pacientes por hora, comprometendo a qualidade do atendimento.
* Risco à vida: especialistas orientam que doenças respiratórias exigem intervenção rápida para evitar agravamento do quadro. A diminuição de médicos no PSI levanta preocupações sobre o tempo de espera para atendimento, a sobrecarga dos profissionais restantes e o risco direto à saúde das crianças. Especialistas alertam que, em períodos de alta demanda, a falta de profissionais pode agravar o estado clínico de pacientes, aumentar internações e até levar a desfechos fatais.
3. DEPOIMENTOS
“Meu filho ficou quase 4 horas esperando para ser atendido com febre alta e dificuldade para respirar. Quando entrei, o médico estava visivelmente exausto” — relatou Ana Paula, mãe de uma criança de 3 anos.
“Nós trabalhamos no limite, e cada redução de equipe significa mais risco para os pacientes e para a equipe. O inverno é nosso período mais crítico, e não faz sentido cortar médicos agora” — afirmou um profissional do PSI que pediu para não ser identificado.
4. FALTA DE EXPLICAÇÕES
A assessoria de imprensa da prefeitura; o próprio Prefeito de Botucatu, Fábio Leite; e o Vice-prefeito que também é o Secretário de Saúde, e ainda Secretário de Governo, o médico Dr André Spadaro; foram procurados pela equipe de Jornalismo da Rede Alpha de Comunicação e nenhum deles, mais uma vez, quiseram dar explicações sobre mais essa demanda da população.
A falta de transparência agrava ainda mais a situação do PSI, pois a prefeitura não apresenta um plano de implementação de melhorias para o serviço de saúde municipal, em seus canais oficiais, e nem informa quando serão cumpridas as promessas feitas nos 100 dias do mandato para a cidade de Botucatu.
Enquanto isso, a população, que aguardava melhorias no atendimento de urgência e emergência, agora vê um retrocesso em plena alta sazonal de doenças respiratórias.
Famílias continuam enfrentando filas, incertezas e medo de não conseguir atendimento em tempo hábil para seus filhos.