Ouvi a poesia que dizia:
[…] ‘Eu nasci, com a maldição de ser felizEu só queria ser normal, sorrir só quando dizer xis
Procurei, alguma cura desse mal
Mas percebi que a maldição, estava mesmo em ser normal[…]’.
Assim inicia a poesia de um conjunto chamado REVERB- poesia e música. Somos assim, nascemos já imersos num mundo onde a felicidade parece uma maldição que nos abraça logo em nosso nascimento. Somos levados e ensinados, passamos a viver de tal maneira que onde o ter e conquistar coisas nos levarão a felicidade plena e real. Mas a cada conquista e cada passo dado à distopia é real. Muitos não percebem, mas acabam se tornando reféns do desejo. Desejar e correr passam a significar sentido para uma vida feliz.
Jesus no Evangelho de Mateus 6: 33, nos convida a refletirmos sobre as preocupações com essa vida. E de como os cristãos correm o risco de se aparentarem aos pagãos vivendo de tal maneira. É perspicaz as conquistas e crescimento profissional e patrimonial, mas não é capital.
Essa maldição de ser feliz traz consigo a ilusão do sucesso, nos coloca diante de uma ‘pseudo-eudaimonia’ e nos faz como que escravos de uma maldição. Assim como Jesus ensinou, escrevo com objetivo de trazer uma perspectiva do Reino. Ele mesmo diz, no mesmo capítulo 5 que a VIDA é mais importante que a comida e o corpo mais importantes que roupa. Pois bem, se assim ele ensinou, precisamos como cristãos ouvi-lo. Na poesia encontrei ecos do Evangelho de Jesus, vejamos tais lições.
Guimarães Rosa, escreveu que a felicidade é encontrada nos raros momentos de distração. Eu pensei sobre, e esbocei que a felicidade mora nos interstícios, nos
lapsos de espaços onde ficamos absortos e sem a tentação de ceder a tal maldição de ser feliz. A felicidade não pode ser programada, nem pode ser comprada para ser
dada de presente. Acontece nas distrações e vulnerabilidades da nossa alma.
Encontrei ecos das palavras de Jesus também no livro O Pequeno Príncipe. Lá o personagem principal, em seu asteroide minúsculo, junto com sua rosa e sua raposa, encontra vários tipos de pessoas e diz que os adultos não conseguem ser felizes porque são adultos. Tem uma passagem no livro em que o pequeno príncipe narra a descrição de uma casa, com paredes brancas e janelas vermelhas, com telhado laranja, onde os pássaros cantam. Um adulto não consegue entender que
linda é uma casa como essa. Mas se alguém disser sobre uma casa de 300
mil reais o adulto logo exclamara: Que bela casa!!!
Talvez seja por isso que Jesus nos convida a ser como criança, ver a felicidade nas coisas em que o dinheiro não pode comprar. Assim como ele também ilustra no texto em destaque nesse tema de hoje. Assim podemos entrepor suas palavras: ‘Não é a vida mais importante que as coisas?’.
Fato é que enquanto você não buscar o reino de Deus em primeiro lugar,
não será quebrada tal maldição de ser feliz. Isaias 53 diz que o castigo que nos traz a paz estava sobre. E ele foi amaldiçoado por conta dos nossos pecados. Quando encontramos e buscamos o Reino e a sua justiça, encontramos uma nova e leve forma de ver e viver a vida. Aprendemos a discernir as cores, a ouvir o canto dos passarões, a ouvir o som da chuva, a brincar e abraçar nossos filhos de fato somos encontrados nos lapsos de felicidade. Seremos com discípulo amado, João, reclinaremos a cabeça no colo de Jesus e Ele nos convidará a apontar os pássaros no céu, a brincar com as formas das nuvens, a soprar bolhas de sabão. Talvez você vá perguntar a ele sobre a agenda, sobre como orar para agradecer, como fazer um curso para ser um funcionário-patrão-empresário-coach etc. melhor e ganhar mais dinheiro (na tentativa meritocrática e amaldiçoada de ser feliz) e ele vai te dizer: Vamos brincar!
Renato Ruiz Lopes