Artigo do Edson Bicalho sobre impacto do aumento dos combustíveis na vida do trabalhador

No buraco e elameado

O Brasil não tem guerra, mas o pobre trava luta diária para sobreviver. Não é de hoje, mas só tem piorado. Neste ano, com o aumento absurdo dos combustíveis, que fez o litro da gasolina ultrapassar os R$ 7,00 em muitas cidades, a batalha mudou de patamar. Agora, mesmo o trabalhador empregado, que até pouco tempo, com malabarismo, conseguia levar o pão do dia a dia para casa e pagar suas dívidas, está se vendo na condição de necessitado. Imagine quem está desempregado!

Nas ruas, é uma sucessão de relatos como “carne, só na primeira semana após o pagamento”, “café, leite e pão apenas nos finais de semana”, “precisei parcelar o botijão de gás” e “lugar de carro é na garagem”. E não é reclamação de desempregado, de trabalhador informal, apenas. É de assalariado. É de quem, até pouco tempo, fazia churrasquinho no final de semana. O preço do combustível dispara, puxa para cima o dos alimentos e empurra para baixo os brasileiros.

A guerra da Ucrânia, que elevou o preço mundial do petróleo, não teríamos mesmo como evitar. Mas o governo federal é, sim, culpado por essa disparada de preço dos combustíveis e pelo consequente empobrecimento da população. O país está refém de um presidente que não trabalha para conter a inflação, em parte causada pelos reajustes constantes dos combustíveis.

Bolsonaro ainda tenta jogar a culpa pela incompetência de sua administração acusando os governadores pela alta do produto. A ele, só interessa a reeleição. Enquanto nós, trabalhadores, temos de cortar na carne, o presidente da Petrobras, um militar escolhido por Bolsonaro, vai ter um bônus de R$ 1,5 milhão. Com isso, o salário médio dele chegará a R$ 342 mil por mês!

Esse cenário catastrófico é resultado da política de preços dos combustíveis, uma herança do Temer na Presidência. Foi ele que instituiu a política de preços internacionais e iniciou o desmonte da Petrobras, com reflexos negativos para o consumidor até hoje. Temos de lembrar que metade da Petrobras é dos brasileiros e que a empresa fechou os últimos anos com lucro, mas paga dividendos milionários a seus acionistas.

Bolsonaro chegou e nada fez para acabar com essa política. Ao contrário, está tentando privatizar a estatal, o que gerará ainda mais prejuízos aos brasileiros. Os dois são culpados pelo Brasil estar indo ladeira abaixo. Estamos com o PIB estagnado e a inflação em alta. Sem dinheiro até para o arroz com feijão.

Não há luz no fim deste túnel se o próximo governo não tiver um projeto de Brasil orientado para a geração de emprego e renda. Não há milagre. Ou será um governo para o povo ou não sairemos deste buraco. Contagem regressiva para eleição de outubro. Contagem regressiva para sair do buraco e da lama.

Edson Dias Bicalho é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Fabricação de Álcool, Etanol, Bioetanol e Biocombustível de Bauru e Região (Sindquimbru) e secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar).

 

 

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

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