Pérsio de Jesus Prado Júnior, ex-marido da secretária-executiva da Apae Claudia Lobo, recebia aproximadamente R$ 8 mil mensais da entidade para digitar notas fiscais, cujo crédito do contribuinte era doado à associação, apontam as investigações do escândalo que dilapidou o patrimônio da Apae Bauru. O valor da ‘salário’, porém, era dividido com ela, segundo apurou o Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold), chefiado pelo delegado Glaucio Stocco.
Também por conta do esquema de “rachadinha”, Pérsio está preso temporariamente junto com outros sete investigados pela Operação Apae. Ele, assim como a filha Letícia Lobo e todos os outros, é suspeito de cometer os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
De acordo com o delegado Glaucio Stocco, o contrato de Pérsio previa pagamento de R$ 0,03 por nota fiscal digitada, que posteriormente foi reajustado para R$ 0,04. Para alcançar o total de R$ 8 mil, seria necessário digitar cerca de 200 mil notas fiscais, algo humanamente impossível de ser realizado manualmente por apenas uma pessoa, o que evidencia a fraude, destacou o delegado.
Não fosse o desaparecimento da secretária-executiva da Apae Claudia Lobo, assassinada pelo presidente da entidade Roberto Franceschetti conforme inquérito da Polícia Civil, as fraudes contábeis e financeiras na entidade se perpetuariam, na avaliação do delegado Glaucio Stocco, titular do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold).
“Se não há denúncia, dificilmente a polícia (Civil) toma ciência desse tipo de irregularidade. Essas queixas devem ser feitas por meio de boletim de ocorrência ou por telefone do disque denúncia (181)”, destacou Stocco nesta quinta-feira (5), em entrevista ao programa Cidade 360º, uma parceria do JC/JCNET e rádio 96FM. Na oportunidade, ele comentava também sobre o grande número de envolvidos no esquema.
Ainda segundo o delegado, as investigações do Seccold começaram a partir da análise de planilhas do computador de Claudia Lobo. “Muitas pastas foram colocadas na lixeira e, depois, excluídas de lá dois dias depois do desaparecimento dela (6 de agosto). Mas conseguimos recuperar esses arquivos”, frisou o delegado.
Conforme o JCNET divulgou, com base nas informações divulgadas pela Polícia Civil em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (4), ex-presidente da Apae Roberto Franceschetti Filho desviou cerca de R$ 5,8 milhões da entidade, em cinco anos. Já a secretária-executiva teria retirado R$ 1,8 milhão dos cofres da associação, no mesmo período.
Nota da APAE
Por meio de nota, a Apae Bauru informa nesta terça-feira (3) que recebeu, por meio da imprensa, as atualizações a respeito dos mandados de prisão e de busca e apreensão realizados pela operação da Polícia Civil.
A entidade também comunica que a perícia contábil e financeira segue em andamento e, assim como as investigações, seguem em segredo de justiça. O trabalho contempla o período referente à gestão do Roberto Franceschetti Filho, que compreende os anos de 2022 a 2024.
Por fim, a instituição destaca que colabora e confia no trabalho da Polícia Civil e aguarda para em breve poder colaborar com maiores informações, e também agradece todo o esforço da imprensa em colaborar e preservar a imagem da APAE Bauru.
Fonte: JCNET
Foto: Guilherme Matos