Embora a sociedade brasileira descenda de uma cultura impositiva judaico-cristã, a qual valoriza as pessoas mais velhas como sábias e dignas de respeito, devido ao sistema capitalista a maior parte da população idosa passou a ser vista como inútil e geradora de despesas. Um fato que serve de sinédoque para essa situação ocorreu durante a pandemia de Coronavírus, quando um importante empresário, Roberto Justus, ao falar sobre estatísticas de um possível número de mortos, defendendo a economia acima de vidas, afirmou que seriam irrisórias as perdidas, e estas seriam de velhinhos. Contrária aos Direitos Humanos, essa cultura utilitarista do mercado, aliada à evolução da internet, implica perspectivas negativas quanto ao envelhecimento no Brasil, o qual segundo o último censo de 2022 tende a crescer, já que não apenas o brasileiro está vivendo mais, como também tem diminuído a taxa de natalidade.
A ideologia excludente sobre a velhice não é universal. Há o idoso da elite, o qual faz academia, possui qualidade de vida, pele bem cuidada. Este, por ser o oposto do estigma – uma vez que é o representante do sistema monetário -, não sofre as consequências negativas, diferentemente da maioria da população, que tenta viver a difícil velhice, após anos de muito trabalho, pouco descanso, má alimentação e falta de acompanhamento médico. Dessa forma, as desigualdades inerentes ao sistema conduzem à exclusão daqueles que não possuem mais utilidade, que apenas consomem e não geram lucro, haja vista a reforma da previdência de 2019 que aumentou a idade mínima para aposentadorias, ou ainda os cortes de verbas, realizados durante o mesmo governo, sobre, por exemplo, programas como o Farmácia Popular o qual busca cuidar, entre outros, dos mais velhos de baixo poder aquisitivo.
As perspectivas sobre o envelhecimento também não são boas ao se analisarem as relações interpessoais, um dos fatores geradores de felicidade. Objetivando o lucro, a revolução comunicacional, por meio da internet, principalmente das redes sociais, intensifica a criação de gerações imediatistas, as quais não se preocupam com o futuro e com relações de afeto. Essas relações cada vez mais líquidas, menos sólidas – lembrando os estudos sobre a Modernidade Líquida do filósofo Zygmunt Bauman – implicam uma vida isolada do idoso, que clama por relações de afeto. Dessa forma, o condicionamento às telas de celulares dificulta a compreensão das gerações mais jovens sobre a importância da afetividade com pais e avós e também sobre a obrigatoriedade que a família possui no cuidado dos mais velhos. Para intervir nesse cenário, o Ministério da Educação precisa ampliar a quantidade de aulas que afastem os alunos das telas e valorizem o senso crítico e relações pessoais, como Sociologia, Filosofia e Artes.
Para uma velhice mais saudável do brasileiro, o Congresso necessita aprovar leis, por exemplo, como a da redução da jornada de trabalho para, pelo menos, cinco por dois, e a da exclusão do Teto de Gastos de investimentos em saúde. A reforma da previdência também precisa de adequações como o aumento de perícias, por parte do INSS, para garantir os direitos daqueles que necessitam da aposentadoria mesmo não tendo atingido a idade mínima, além de benefícios fiscais para empresas que contratarem pessoas acima de 55 anos, as quais têm dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Conclui-se que é imprescindível: preparar o País para o envelhecimento da população por meio do fortalecimento do Estado a fim de lhes garantir boa qualidade de vida; e desconstruir a ideologia do mercado de que o lucro é mais importante que o ser humano e as relações interpessoais.
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