A morte de Maria Clara da Paz, de 17 anos, na última quarta-feira (27), em Avaré, levantou uma série de acusações de negligência médica pela família. Em resposta, Renato Dornela Vieira, médico do Pronto-Socorro (PS) municipal, concedeu uma entrevista ao jornalista Salatiel de Freitas, na qual descreveu as falhas estruturais e a sobrecarga que, segundo ele, comprometem a qualidade do atendimento na unidade.
O médico relatou que Maria Clara deu entrada no PS com a mãe, que descreveu um histórico de três meses de fortes dores de cabeça, náuseas e ausência escolar. O médico afirmou que, apesar da “história confusa”, ele foi o único a se empenhar para garantir um diagnóstico preciso, solicitando exames de imagem e a avaliação de uma especialista em neurologia.
No entanto, segundo o Dr. Renato, uma neurologista, teria se recusado a avaliar a paciente, alegando que “não viria ao PS por uma simples dor de cabeça” e afirmando que a tomografia de crânio estava normal. Com base nesse parecer, e após medicar a paciente, o médico a liberou, ressaltando que ela estava “em bom estado geral, lúcida e sem sintomas no momento”. Ele lamenta ter sido “o único responsabilizado” pelo desfecho trágico.
Para o Dr. Renato, a morte de Maria Clara é um sintoma de problemas sistêmicos maiores. Ele destaca a falta de profissionais e a estrutura precária do PS, que atende pacientes de 18 municípios, sobrecarregando a equipe. “Os exames de tomografia não são laudados como em outros serviços de emergência”, pontua. “Dependemos da Santa Casa, que muitas vezes se recusa a avaliar os pacientes.”
Outro ponto crítico, segundo o profissional, seria a escassez de profissionais de enfermagem. O médico denuncia a falta de concursos públicos e licitações para repor os profissionais que se aposentaram ou foram afastados. “Há dias em que trabalhamos apenas com dois técnicos de enfermagem”, relata, alertando que essa sobrecarga coloca vidas em risco. Ele reforça que a ausência de especialistas é uma “falha gravíssima” que pode ter contribuído para o desfecho do caso da jovem.
“Fui responsabilizado sozinho por algo que estava fora do meu controle”, concluiu o médico, reiterando o compromisso de toda a equipe em buscar o melhor para os pacientes, apesar das adversidades.
MANIFESTAÇÃO DOS PAIS – Os pais da jovem Maria Clara Paz, de 17 anos, publicaram um relato nas redes sociais neste domingo (31) acusando o Pronto-Socorro Municipal de Avaré de negligência médica. Eles afirmam que a filha foi vítima de descaso repetido por parte dos profissionais de saúde.
Juliana Martins e Luiz Fernando Paz, pais de Maria Clara, declararam que a jovem foi atendida várias vezes no hospital, mas em todas as ocasiões teria sido negligenciada. “A morte da minha filha Maria Clara não foi resultado de uma ‘suposta negligência médica’, como tem sido divulgado. Foi, sim, negligência médica comprovada, da qual temos inúmeras provas”, escreveram.
O desabafo detalha um episódio específico ocorrido no dia 24 de agosto, após às 19h. De acordo com a família, um médico plantonista se recusou a internar Maria Clara, mesmo diante dos apelos da família. “Ela estava com os pés inchados e ainda chorando de dor, e sem fazer nenhum exame, nos mandou pra casa. Não sei o nome dele porque ele deu alta sem receita alguma”, relataram os pais.
NOTA DA SAÚDE – Em resposta às denúncias, a Secretaria Municipal de Saúde de Avaré emitiu uma nota oficial na sexta-feira, 29 de agosto, em que se solidariza com a família de Maria Clara Paz. A secretaria informou que está aguardando o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) para confirmar a causa da morte.
Fonte: A Voz do Vale/Jornalista Salatiel de Freitas
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