Niterói reduz casos em 70% com bactéria bloqueadora em mosquitos

Um método conseguiu reduzir em 70% os casos de dengue em Niterói, no Rio de Janeiro. Por meio dele, uma bactéria bloqueia a transmissão de doenças por novos mosquitos Aedes aegypti. Além da dengue, a tecnologia já reduziu os casos de chikungunya em 60% e de zika em 40%, entre os anos de 2015 e 2023. Niterói foi a primeira cidade brasileira a ter o seu território 100% coberto pelo projeto.

Os casos de dengue oscilaram com tendência de forte queda entre 2015 e 2023. Em 2015 foram 158, 2016 (71), 2017 (87), 2018 (224), 2019 (61), 2020 (85), 2021 (16), 2022 (12), 2023 (55). O aumento de 2022 para 2023 foi um caso especial. Para Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do Método Wolbachia Brasil, que reduziu os casos, as pessoas que estiveram na cidade e procuraram hospitais, não necessariamente moravam em Niterói.

O método funciona assim: uma bactéria, chamada Wolbachia, é inserida em Aedes aegypti criados em laboratório. Soltos na natureza, se reproduzem e acabam passando a bactéria para os novos insetos. Foram necessários quatro anos de pesquisa na Austrália para a retirada dessa bactéria e inserção no mosquito da dengue. O método não consiste em uma modificação genética. “Antes da liberação dos mosquitos, a comunidade é avisada e recebe orientação”, explica o pesquisador.

Fábrica de mosquitos

Produção de mosquitos é gargalo para atender demanda. No ano passado, a World Mosquito Program (WMP), a Monash University em Melbourne, na Austrália, a Fiocruz e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) anunciaram parceria para a criação de uma joint venture.

A nova empresa vai construir a maior biofábrica de mosquitos Wolbachia do mundo. Serão até 100 milhões de ovos de mosquito por semana para atender uma demanda de 70 milhões de brasileiros em dez anos, disse o líder do método Wolbachia Brasil.

O método começou a ser usado na Austrália, entre 2008 e 2009. No Brasil, existe desde 2012, aplicado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Mesmo com a eficácia comprovada, Luciano Moreira informa que os resultados são vistos a longo prazo.

Cidades com mosquito infectado

Além do aumento de 2022 para 2023, 2018 também foi ponto fora da curva. No ano, houve um salto nos casos, mas a maioria deles havia sido registrado na região norte da cidade, onde o programa ainda não havia sido implantado.

Do outro lado da ponte, no município do Rio, a situação é bem diferente. Niterói tem hoje 586 casos prováveis de dengue (soma de casos confirmados e em investigação) e nenhum óbito. Já no Rio, que fica a apenas 13 km de distância, são quase 60 mil casos prováveis e quatro mortes.

O projeto teve cobertura insuficiente no Rio. A cidade começou a implantar o método em 2014, antes mesmo de Niterói, mas apenas 29 dos 160 bairros estão cobertos. É um número insuficiente para a eficácia do projeto, já que nem 20% da área do município foi coberta, segundo Moreira.

Cinco cidades já liberaram o mosquito infectado com a bactéria na natureza. Além de Niterói e do Rio, o método é aplicado em Campo Grande, Belo Horizonte e Petrolina (PE). A liberação dos mosquitos foi concluída no final de 2023, e agora os resultados nas três localidades são monitorados.

Nas cinco cidades, o programa realiza o acompanhamento epidemiológico com dados do sistema de notificação nacional (Sinan), para identificar o impacto do método Wolbachia na transmissão da dengue, zika e chikungunya nas áreas onde houve liberação de Aedes aegypti com Wolbachia. (Fonte: noticias.uol.com.br)

Fonte: UOL

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.