Que tal treinar seu texto para a redação do ENEM?

O próximo domingo (17.01) será o primeiro dia de provas do Enem, Exame Nacional do Ensino Médio. Mais de cinco milhões de estudantes farão as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e ciências humanas e suas tecnologias. “Bora” se preparar para a redação, analisando um texto produzido pelo professor Nelson Letras sobre o tema do ano passado “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”!

O filósofo pré-socrático Heráclito, em suas reflexões sobre a substância primordial existente em todos os seres materiais, a arché, chegou à conclusão de que a realidade é dinâmica, de que nada persiste nem permanece o mesmo. O pensamento do grego Heráclito já possui dois mil e quinhentos anos, porém muitos indivíduos, em alguns casos, ainda não enxergam a realidade dessa maneira. Em 1990, dois anos após sua produção, Cinema Paradiso recebeu o Oscar de melhor filme em língua não inglesa. A produção italiana tem como cenário o auge e o declínio das salas de cinema. A película remete à realidade em que o número dessas salas diminuiu consideravelmente nas décadas de 1980 e 1990. Todavia o cinema não está deixando de existir, ele está se transformando, e não compreender essa mudança é uma visão reducionista sobre a democratização da Sétima Arte, da manifestação da essência do ser humano por meio da sucessão de imagens em movimento que contam uma história.

“Vivemos em tempos líquidos, nada é feito para durar”. Em seus estudos sobre a modernidade líquida, o filósofo polonês Zygmunt Bauman analisou a superficialidade nas relações entre os homens, entre o homem e o mundo. Um dos principais responsáveis por essa liquidez é a revolução comunicacional, que auxiliou a democratização do cinema. Embora as salas de cinema estejam tentando se adaptar aos novos tempos, por meio, por exemplo, da exibição de filmes com efeitos especiais na produção de histórias fantásticas envolvendo super-heróis, ou do uso de tecnologias 3D, ou até mesmo do conforto, a procura por elas é muito menor que nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Entretanto o cinema não está apenas nas “salas”, mas também nos aparelhos de tevê, nos computadores, nos celulares. O uso de satélites, de cabos e, principalmente, a internet ampliaram o número de pessoas não só que assistem às produções – sem se restringir apenas àquelas exibidas nas salas de cinema -, como também que participam da elaboração de filmes, haja vista que, muitos podem realizar produções visuais caseiras e divulgá-las pela rede.

A Sétima Arte está em transformação. Devido à Terceira Revolução Industrial, ela está mais democrática. O indivíduo não está mais restrito apenas aos filmes exibidos nas salas de cinema. Estas ainda são muito importantes, portanto é necessário que o governo federal, em parceria com os municípios, crie, sem a cobrança de ingressos, cinemas em áreas mais pobres, pois este é um público que está restrito a pouco lazer, e valorizaria esse entretenimento. Contudo os filmes exibidos nestas devem conter os mais variados pontos de vista, desde produções como Bacurau e Marighella até O Patriota de Mel Gibson. Cinema é arte, e arte não é apenas “a mimese da realidade” como afirmou o filósofo Aristóteles; arte também é entretenimento, é reflexão, é uma maneira de ver o mundo sob perspectivas diferentes. Logo o cinema deve ser mais valorizado por Estado e sociedade. Deve haver investimento estatal no acesso do espectador e também nas produções e divulgação de filmes nacionais. Instituições como as escolas precisam se aproveitar mais dessa ferramenta, pois os filmes tornam o conhecimento mais aprazível. Cinema é movimento, e, para acompanhá-lo, é necessário estar em harmonia com sua velocidade.

 

Sobre FERNANDO BRUDER TEODORO

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