Neste ano de eleições, haverá muitas reuniões políticas. Muitas. E não serão reuniões para se discutir um plano de governo. Nada disso. Plano de governo não dá votos. As reuniões serão para se conseguirem mais votos. Na maioria das vezes, as reuniões serão quase secretas. Quase, porque sempre vaza alguma coisa. O vazamento pode ser ocasional (uma falha no sistema), proposital (há interesse em que se vaze algum assunto, para se criar um outro assunto, que é favorável ao vazador), decorrente de uma traição (esse é o mais comum dos vazamentos; o que mais existe em política é traidor – há até os traidores profissionais), estratégico (o cara faz vazar determinado assunto como parte de uma estratégia de ataque ou de defesa). Enfim, há vazamentos para todos os gostos e desejos.
Voltemos às reuniões. Elas são intermináveis. Lembro-me de uma longa reunião no tempo em que fui candidato a vereador. O partido convidou um especialista em campanhas eleitorais, para explicar-nos como fazer campanha. Nossa Senhora! O palestrante sabia todas as maneiras de se ganhar uma eleição. Tem que fazer isso, tem que fazer aquilo. Não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. Progresso Garcia, que sabia mais de campanha do que qualquer palestrante, pediu a palavra e disse, em tom de deboche: Vai ter que fazer uma palestra para o outro lado, para que deixem a gente fazer isso. Foi uma gargalhada geral. E a reunião acabou.
Haverá a reunião da oposição e a reunião da situação. Na reunião da oposição o assunto fundamental será como destruir a situação. Se não houver fatos para a destruição, deverão ser criados ou inventados. A maioria dos fatos é inventada. Também se reúnem para se aproveitar de fatos existentes. Na maioria das vezes, são fatos irrelevantes, para os quais a oposição dá uma relevância enorme, a fim de convencer o eleitorado de que aquele candidato não pode ser eleito ou reeleito. Ele é careca! Onde se viu um cara que nem cabelos tem querer os votos do abençoado povo brasileiro? O importante é, na impossibilidade de criar uma certeza, criar uma dúvida na cabeça do eleitorado
Na reunião da situação se analisa como divulgar as obras realizadas pelo governo. Naturalmente que se dá uma dimensão muito maior do que determinada obra tem. Mostra-se uma rodovia esburacada. Depois, com o trabalho magistral do governo, a rodovia recapeada. Naturalmente que não se mostram as dezenas de outras rodovias esburacadas, que não foram recapeadas. O eleitorado só precisa saber da rodovia recapeada. As esburacadas ficam pra depois.
O leitor deve estar perguntando: E a verdade onde é que fica nessas reuniões? ‘Ora direis ouvir estrelas! Certo perdeste o senso’. – diria o poeta Olavo Bilac. A verdade, o eleitor que descubra sozinho. Não precisa de reuniões para isso. Portanto, a única coisa que a gente pode dizer é: Não acredite em tudo que vê ou ouve, nessa campanha eleitoral.
BAHIGE FADEL