Acho que é definitivo. Não existe mais possibilidade de mudar. Eu bem que tinha uma esperançazinha, mas ela já se foi. Saiu correndo para longe e deixou minha ideia sozinha, isolada, sem ter para onde ir. Cheguei a uma triste conclusão: o longo tempo de pandemia, ao invés de ensinar as pessoas a se tornarem melhores, mais pacientes e solidárias, tornou-as piores. Bem piores.
Estranho fato é esse. Não conversei com nenhum especialista para saber se isso é normal. Normal ou não, é a triste realidade. O longo tempo de pandemia fez aflorar nas pessoas o que elas têm de pior, de mais desprezível, de mais abjeto. Bem, aí é um pleonasmo, mas ele vale como reforço do que eu penso a respeito do assunto.
O mundo está parecendo um monte de cães disputando um pequeno pedaço de osso. Sim, cães raivosos pelo pequeno pedaço de osso. Não é carne. É apenas osso. E os cães raivosos o disputam como se fosse o único alimento disponível. Lamentável. Contentam-se com o pedaço de osso. Não procuram alimento melhor. Não sabem que existe alimento muito melhor do que o pedaço de osso que disputam.
São pessoas menores. São cegas ou quase cegas. Se pudessem ver mais longe, perceberiam outras possibilidades além do osso. Perceberiam que todas as histórias de ódio de que tem notícia a humanidade resultaram em tragédia. O ódio é mais letal do que qualquer vírus. E não há vacina para ele. O ódio é mais violento do que qualquer vírus. Ele agride mais, ele machuca mais, ele destrói mais.
Um dia desses, assisti a uma daquelas reuniões de CPI do Congresso Nacional. Não vi ninguém interessado no país. Não vi ninguém interessado em encontrar uma solução para os nossos problemas. Não vi ninguém com uma alternativa plausível para acabar com a COVID em nosso país. Vi ódio. Pessoas demonstrando que o que importa é destruir o outro. Coisa triste. Fiquei angustiado. Qualquer que seja a conclusão a que chegar a tal CPI, o resultado será deplorável. Nada melhorará no país. Nenhum problema será solucionado. Só se saberá qual é o ódio mais eficaz, qual é o ódio que mais destrói, que mais mata.
É a epidemia do ódio. Ódio localizado em pessoas que deveriam fazer tudo com objetivos maiores. A economia brasileira está em frangalhos, mas não vejo os líderes do ódio oferecendo uma solução. A educação brasileira está em situação muito pior do que a péssima situação em que se encontrava antes da pandemia, mas não vejo ninguém procurando solução. Para alguns líderes, mais importante do que encontrar soluções é incrementar ódios, que geram novos problemas, que criarão mais ódios.
É uma pena! Nem uma pandemia é capaz de melhorar as pessoas. Ao contrário, a pandemia só está piorando pessoas. Espetáculo dantesco. Circo de horrores. Roleta russa que faz mais vítimas do que o vírus e não cria nenhum herói.
BAHIGE FADEL