Em menos de dois meses, Araraquara (a 273 km de São Paulo) já registrou mais mortes provocadas pelo novo coronavírus que o ano passado inteiro.
Nesta quarta-feira (24), o comitê de contingência do coronavírus do município confirmou as mortes de mais quatro pessoas, o que fez o total chegar a 185 desde o início da pandemia. Dessas, 93 ocorreram entre 1º de janeiro e esta quarta, ante as 92 registradas em 2020.
Assim como ocorre desde o início da semana, a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria está em 100% na cidade, o que tem feito com que pacientes sejam transferidos para hospitais de cidades como Barretos e Ribeirão Preto. Na terça-feira (23), havia quatro moradores de Araraquara internados em Barretos e outros sete em Ribeirão.
O cenário da pandemia no município da região Central do estado fez a prefeitura prorrogar até as 6h de sábado (27) a vigência do lockdown na cidade.
Inicialmente, o término ocorreria na terça (23), mas a prefeitura decidiu prorrogar devido à alta ocupação dos leitos hospitalares e aos baixos índices de isolamento, que não passaram de 51%.
A avaliação da Secretaria da Saúde é de que o crescimento de casos, internações e mortes se deve à circulação da nova cepa, a chamada variante de Manaus, mais transmissível.
O novo lockdown de Araraquara tem algumas mudanças em relação ao inicial, que vigorou entre 12h de domingo (21) e 23h59 de terça. Agora, postos de combustíveis poderão abrir das 8h às 18h e, além de supermercados, também poderão atender por delivery mercearias, padarias, açougues, hortifrútis e estabelecimentos que entreguem gás de cozinha e água.
Supermercados, porém, seguem fechados. Os ônibus do transporte coletivo também não vão funcionar.
O MPF (Ministério Público Federal) ajuizou ação para que o Ministério da Saúde conclua imediatamente os trâmites para viabilizar o financiamento de 30 leitos hospitalares de UTI do SUS (Sistema Únicos de Saúde) para pacientes com Covid-19 na cidade.
O lockdown adotado na cidade se espalhou por municípios vizinhos. Com 4.800 habitantes, Gavião Peixoto decretou o fechamento de todas as atividades não essenciais e vetou a circulação de pessoas e veículos, exceto se provarem que estão em deslocamento para atendimento médico.
Já Santa Lúcia, com cerca de 9.000 habitantes, implantou lockdown até sexta-feira (26). Em Ribeirão Bonito, com 13 mil moradores, foram implementadas barreiras sanitárias para controlar os acessos, priorizando a entrada de moradores e profissionais do transporte de cargas.
As cidades tomaram as medidas por terem Araraquara como referência em saúde. Sem leitos disponíveis nela, os pequenos municípios temem faltar vagas para pacientes que necessitarem.
fonte: JCNet