Neste um ano de pandemia muito se aprendeu sobre o novo coronavírus e a Covid-19, a doença que ele provoca. Primeiramente descrita apenas como infecção respiratória, hoje já se sabe que, principalmente quando evolui de forma grave, pode afetar o funcionamento de vários outros órgãos do corpo, como os rins, coração, sistema circulatório, fígado e até o cérebro. Neste Dia Mundial do Rim, celebrado em 11 de março, é importante discutir sobre o tema. A médica nefrologista Tricya Nunes Vieira Bueloni, do Grupo São Francisco, que integra o Sistema Hapvida, explica que a Covid-19 é uma doença sistêmica.
Os rins, juntamente com os pulmões, estão susceptíveis à ação direta do vírus e de citocinas inflamatórias, liberadas em grande quantidade nos casos de infecção por Covid-19, principalmente nos casos que evoluem de forma grave. E isso é um grande complicador. “Nas infecções por Covid-19, o desenvolvimento de lesão renal aguda agrava muito o quadro do paciente. Em conjunto com as demais alterações, como necessidade de ventilação mecânica, choque séptico, inflamação pulmonar intensa e infecções bacterianas secundárias, leva a um risco muito grande de desfecho desfavorável, como óbito”, alerta a médica.
A nefrologista ressalta que há estudos que apontam que mais de 20% dos pacientes com Covid-19 desenvolvem lesão renal. Tricya chama a atenção para um estudo com quase 4.000 pacientes, no mês de janeiro deste ano, que revelou lesão renal aguda em 46% dos pacientes hospitalizados com coronavírus e que 19% deles precisaram de diálise. “O percentual de injúria renal aguda é muito mais significativo nos pacientes que necessitam de terapia intensiva, chegando a 76% dos casos”, frisa a médica.
Até o início da pandemia de coronavírus, diabetes e pressão alta eram as principais causas de doença renal. Essas doenças continuam causando insuficiência renal, mas agora também acrescenta-se a Covid-19. “Há dois tipos de alteração do funcionamento renal. Quando a perda da função renal é lenta e progressiva, é o que chamamos de doença renal crônica, fortemente associada a doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Uma vez que o paciente perde o funcionamento renal e acaba necessitando de tratamento dialítico, não há reversão da perda da função renal. E há casos de quadro agudo, associado a algum evento grave infeccioso, uso de alguma medicação que subitamente fez o funcionamento renal deteriorar, desidratação grave, sangramentos e quedas importantes da pressão, entre outras causas. Aqui se enquadra a lesão que ocorre em pacientes internados por Covid-19”, explica a médica.
Quando os rins apresentam problemas devido à infecção por Covid-19, o quadro pode ser temporário, evoluindo com recuperação da função renal completa. Porém, sequelas podem permanecer, mantendo um funcionamento renal comprometido com doença renal crônica posterior, e até mesmo necessidade de manutenção de terapia dialítica, informa a nefrologista. “A recuperação depende muito da gravidade do quadro infeccioso, das complicações presentes, das comorbidades associadas, principalmente nos pacientes que já apresentam alteração de função renal, diabéticos e hipertensos”, comenta Tricya.
Em casos de doença renal aguda, o paciente precisa ser mantido internado para tratar a infecção e evitar fatores que possam afetar mais o funcionamento dos rins, como hipotensão, desidratação, uso de medicamentos que são nefrotóxicos. “Porém, cerca de 20% dos pacientes necessitam de terapia de substituição renal como a hemodiálise, que é realizada como terapia de suporte, para manter o equilíbrio do organismo, evitando a sobrecarga de líquidos no corpo, nos pulmões, eliminando substâncias tóxicas que prejudicam mais o paciente e podem contribuir para gravidade e óbito”, afirma a médica.
O tratamento precisa ser mantido até que o paciente apresente sinais de recuperação do funcionamento renal, mas uma parcela pode precisar de hemodiálise mesmo com a resolução da infecção e melhora clínica. “Já pacientes com Covid-19, mesmo que recuperam o funcionamento renal, devem ser acompanhados após a alta hospitalar pelo nefrologista, pois ainda não se sabe ao certo se futuras alterações como evolução para doença renal crônica podem aparecer como o passar do tempo”, finaliza a nefrologista.
Sobre o Sistema Hapvida
Com mais de 6,7 milhões de clientes, o Sistema Hapvida hoje se posiciona como um dos maiores sistemas de saúde suplementar do Brasil presente em todas as regiões do país, gerando emprego e renda para a sociedade. Fazem parte do Sistema as operadoras do Grupo São Francisco, RN Saúde, Medical, Grupo São José Saúde, além da operadora Hapvida e da healthtech Maida. Atua com mais de 36 mil colaboradores diretos envolvidos na operação, mais de 15 mil médicos e mais de 15 mil dentistas. Os números superlativos mostram o sucesso de uma estratégia baseada na gestão direta da operação e nos constantes investimentos: atualmente são 45 hospitais, 191 clínicas médicas, 46 prontos atendimentos, 175 centros de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial.
Tricya Nunes Vieira Bueloni
médica nefrologista
Grupo São Francisco