Dois imóveis históricos da região central de Botucatu começaram a ser demolidos para dar lugar a novos estacionamentos que servirão ao Mercado Municipal. A decisão da Prefeitura tem causado indignação entre moradores e defensores do patrimônio histórico da cidade, que questionam o custo, a urgência e a real necessidade da obra.
Há cerca de cinco meses, o próprio Poder Público retirou os serviços administrativos que funcionavam dentro do Mercadão, passando a operar em um imóvel alugado pertencente ao grupo empresarial da Transportadora Phênix.
Desde então, o movimento no mercado despencou, restando apenas alguns comerciantes e lanchonetes em funcionamento.
O estacionamento existente no local, segundo os permissionários, sempre foi suficiente para atender o reduzido fluxo de clientes.
Mesmo assim, o prefeito Fábio Leite autorizou a desapropriação de dois imóveis vizinhos, avaliados em R$ 337 mil e R$ 558 mil, conforme consta no Decreto Municipal nº 13.582, de 30 de junho de 2025. Um dos imóveis pertencia à família Cury e o outro à família Giovanoni Di Folco.
Antes disso, a Prefeitura havia publicado o Decreto nº 13.566, de 10 de junho de 2025, que previa a desapropriação de apenas um dos imóveis, pertencente à família Cury.
No entanto, esse decreto foi revogado apenas vinte dias depois, sendo substituído pelo Decreto nº 13.582, que ampliou o processo para incluir o segundo imóvel.
O que chama ainda mais atenção é o fato de que os dois imóveis não são contíguos — eles estão em lados opostos da rua—, mas mesmo assim foram declarados de utilidade pública e terão a mesma destinação: a construção de estacionamentos para o Mercado Municipal. A área, segundo comerciantes locais, não possui outros estabelecimentos comerciais relevantes que justifiquem a necessidade de novos estacionamentos.
O decreto ainda traz dois trechos que reforçam a intenção de urgência da Prefeitura:
“A presente declaração de utilidade pública é de caráter urgente para os devidos fins.” (Art. 3º)
“As despesas decorrentes com a execução deste Decreto correrão por conta de dotação própria consignada no orçamento.” (Art. 4º)
A “urgência” destacada no documento tem sido duramente criticada por moradores de outras regiões da cidade, especialmente dos bairros Vida Nova Botucatu e Bem-Te-Vi, que há mais de dois anos aguardam a construção de postos de saúde prometidos ainda na gestão do ex-prefeito Mário Pardini.
Com a demora, os moradores desses bairros são obrigados a buscar atendimento no posto de saúde de Rubião Júnior, que já opera no limite, sobrecarregando servidores e comprometendo o atendimento à população local.
O atual prefeito, Fábio Leite, chegou a reafirmar o compromisso de construir os dois postos de saúde durante o anúncio dos 100 primeiros dias de governo, em abril deste ano. No entanto, passados mais de 200 dias, nenhuma obra foi iniciada.
Enquanto os moradores da periferia esperam por serviços básicos de saúde, o governo municipal investe quase R$ 900 mil na compra e demolição de imóveis históricos, para construir estacionamentos em uma área que sequer tem recebido revitalização e onde o movimento de pessoas caiu drasticamente.
A decisão levanta questionamentos sobre as prioridades da atual gestão, que tem privilegiado intervenções no centro da cidade em detrimento das demandas urgentes da população mais vulnerável.
A população questiona as prioridades da administração municipal, preservação de prédios históricos e a falta de recursos para obras prioritárias a moradores sem acesso adequado à saúde na periferia da cidade.
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