Tempo de incertezas

Não é fácil, cara pálida. São muitas incertezas. Tempo em que os problemas, na maioria das vezes, foram em maior número do que as soluções. Há muito tempo, uma pessoa me disse que o maior perigo da humanidade será quando as pessoas começarem a criar problemas cujas soluções não estão ao seu alcance. Não quero acreditar que chegamos a esse momento. Não quero. Tenho que acreditar no ser humano. Tenho que acreditar na educação. Tenho que acreditar na ciência. Tenho que acreditar na solidariedade humana. Não posso acreditar que o homem queira destruir o próprio homem. Alguns, pode ser. Há seres abomináveis. Há seres-vampiros, que só se satisfazem com sangue. Mas não posso acreditar que estes sejam os vitoriosos. Não posso.

Mas as incertezas são muitas. Não param de surgir. Incertezas que vieram com a pandemia da COVID-19. Estas, felizmente, estão sendo superadas aos poucos. Reduziu-se a gritaria radical que procurava culpados, para dar lugar à corrida pela solução dos problemas, como a vacinação em massa. Demorou para que as pessoas se conscientizassem de que deveriam aprender mais sobre o coronavírus e acusar menos. Estamos nessa fase. Experimental. Não me importo de ser uma cobaia. Sei que a vacina não é perfeita, mas é a única solução que temos, no momento. No futuro, haverá vacinas melhores, mais seguras. Isto porque as pessoas estão estudando mais e acusando menos.

Há outras incertezas também. Incertezas políticas, incertezas econômicas. As econômicas serão solucionadas. Sempre foram. Logo haverá mais empregos, alavancando a indústria e o comércio, estimulando a produção agrícola e industrial. Acredito muito nisso. Só não acredito na solução das incertezas políticas. Pelo menos, em curto prazo. Alguns políticos são piores do que esses vírus que surgem. Para os vírus, conseguem encontrar vacinas. Já para alguns políticos, ainda não temos vacina eficaz. A sede de poder é muito grande. É bem maior do que a capacidade de exercê-lo. Nessa ocasião, muita gente funciona como aqueles cachorros de rua, que correm latindo atrás de um veículo em movimento. Quando o veículo para, o cachorro não sabe o que fazer. Infelizmente é assim. Destroem o mundo para conseguirem o poder, mas, quando o conseguem, não sabem o que fazer dele.

Mas nem tudo está perdido. Não é o fim dos tempos. Acredito no instinto de sobrevivência da humanidade. Ao ver-se em perigo iminente, encontrará forças e disposição para achar uma saída. Mas que não demore muito. Não podemos deixar que o mal nos vença. Já o conhecemos. Ele é perigoso, mas não imbatível. Quero acreditar nisso.

BAHIGE FADEL

Sobre Régis Vallée

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