A merenda escolar de Pratânia (SP) tornou-se centro de uma polêmica nesta segunda-feira (23), após o vereador Renato Bernardo (Solidariedade) publicar um vídeo nas redes sociais denunciando a suposta ausência de carne nas refeições servidas aos alunos da rede municipal. As imagens, gravadas na EMEF Prof. Antonia Ferreira Assumpção Antunes — onde funciona o depósito de alimentos que abastece três escolas municipais e uma estadual — mostram freezers aparentemente vazios.
No vídeo, o parlamentar afirma que as crianças estariam sendo alimentadas apenas com arroz e feijão, atribuindo a situação a uma falha da Prefeitura no processo licitatório para compra de carnes. Segundo Renato, a nutricionista da rede teria planejado as quantidades necessárias, mas a licitação prevista para março não foi realizada, o que teria comprometido o fornecimento regular de proteínas às unidades escolares.
Prefeitura nega escassez e responsabiliza fornecedor
Em resposta à denúncia, a Prefeitura de Pratânia divulgou uma nota oficial afirmando que as alegações são “inverídicas” e que a alimentação escolar permanece balanceada e em conformidade com o cardápio planejado. De acordo com o comunicado, a compra de carnes foi realizada no último dia 18 de junho, com a aquisição de 185 quilos de carne moída e 309 quilos de frango. O atraso na entrega, segundo a gestão municipal, teria ocorrido por responsabilidade da empresa fornecedora, cuja nova entrega foi reagendada para a terça-feira (24).
A administração também ressaltou que, durante esse período, os alunos não ficaram sem acompanhamento alimentar. Como alternativa, foi servido atum, previsto no cardápio e descrito pelo prefeito como uma “mistura de luxo“.
Prefeito Osmir Félix se manifesta em entrevista à Rádio Alpha FM
Em entrevista concedida ao jornalista Fernando Bruder, da Rádio Alpha FM de Botucatu na manhã desta quarta-feira, 25/06, o prefeito Osmir José Félix (PP) comentou a polêmica. Segundo ele, o cardápio já previa o uso de atum nas refeições da segunda-feira (23), e por isso não houve preocupação em exigir a entrega antecipada das carnes, compradas na quarta-feira anterior.
“Não é qualquer um que pode comprar atum, eu mesmo, como prefeito, não tenho esse privilégio sempre. E o atum foi servido como previsto”, declarou. Ele ainda afirmou que os vídeos publicados pelo vereador nas redes sociais têm conotação política: “Foram para causar tumulto mesmo. Ali está a maldade política, porque ninguém ficou sem comida”.
O prefeito também disse ter visitado pessoalmente a escola e conversado com os alunos sobre a merenda: “Sempre pergunto o que eles gostam de comer. E nenhum aluno ficou sem alimentação.”
Participação popular e críticas nas redes sociais
Durante uma transmissão ao vivo pelo Facebook da Rádio Alpha FM, a população teve a oportunidade de interagir com o prefeito. O internauta Thiago Devide questionou a ausência de um processo licitatório adequado: “É o dever de licitar para garantir o princípio da economicidade, melhor preço, melhor qualidade e garantia de igualdade entre as empresas que desejam ser fornecedores do Município?”
Já o próprio vereador Renato Bernardo voltou a se manifestar: “É uma vergonha essa mentira. O prefeito finge que não sabe, mas a própria assistente social gravou vídeo dizendo que há crianças que não têm o que comer em casa. Então, não podem reclamar da comida da escola?”
Fiscalização e transparência
O episódio evidencia a importância da fiscalização exercida pelo Legislativo como ferramenta de controle e transparência no uso dos recursos públicos. O debate deve seguir nos próximos dias, com expectativa de novas manifestações tanto da gestão municipal quanto de representantes da comunidade escolar.
Asssita a Entrevita na íntegra: