Realidade Brasileira

Há muitos anos, a gente está ouvindo algumas ‘verdades’ sobre o Brasil. Fala-se muitos das riquezas do Brasil, por exemplo. O que mais ouvi nesses anos todos é que o Brasil é ‘o país do futuro’. Soa bonito dizer isso: ‘país do futuro’. Soa como uma esperança, como um sonho a ser realizado. Mais, sonha como a certeza de que, um dia, o país vai deslanchar e apresentar índices de primeiro mundo em educação, saúde, economia. Será tudo isso verdade?

Como a gente sabe, o país não se desenvolve sozinho. Não há desenvolvimento espontâneo. É preciso realizar ações continuadas nesse sentido. É preciso ter um programa de trabalho. É preciso haver pessoas competentes e bem-intencionadas, para colocarem em prática esse programa. É preciso que haja dinheiro para ser investido com inteligência e racionalidade. É preciso que haja um trabalho coletivo e sincronizado entre os setores mais importantes da nação e a população de uma maneira geral. O país não se desenvolve com discursos bem feitos e, muitas vezes, demagógicos.

Recentemente, foram publicados os resultados do PISA – um programa de avaliação de jovens de 15, 16 anos, de 78 países. A avaliação é feita em matemática, ciências e leitura. E o Brasil, como em anos anteriores – a avaliação se realiza de três em três anos – foi sofrível. Ficamos, mais uma vez, nos últimos lugares. Não foi surpresa para ninguém, já que o ministro da educação já tinha se manifestado a respeito.

Agora, saíram os índices do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – da ONU. Os resultados se referem ao ano passado e são avaliados itens de saúde, educação e renda. A nota vai de zero a um. Entre os 189 países participantes, conseguimos a medíocre posição de 79º lugar, com pontuação de 0,761. Na América do Sul, ficamos em 4º lugar, empatados com a Colômbia. Ficamos atrás de Chile, Argentina e Uruguai. Em relação ao ano anterior, melhoramos 0,001, que não significa nada. Para que se tenha uma noção da situação brasileira, o país colocado em primeiro lugar é a Noruega, com 0,954 na pontuação. Ficamos abaixo dos Emirados Árabes (0,866), da Arábia Saudita (0,857), de Omã (0,834), de Palau (0,814), de Antígua e Barbuda (0,776).

Do jeito que está não pode continuar. Todo potencial do Brasil está saindo pelos ralos da corrupção, da incompetência, da falta de vontade política, da falta de interesse real pelo desenvolvimento. Todo mundo exige reformas urgentes, mas ninguém quer ser afetado pelas reformas. A oposição fica berrando os ‘avanços’ que promoveu enquanto esteve no poder, mas não explica como os números se mantiveram iguais. A situação fica gritando os erros que a oposição cometeu enquanto esteve na situação, mas sem se apresentarem alternativas consistentes de solução.

O pior de tudo é que há os milagreiros que espalham a possibilidade de melhorias imediatas. Isso é impossível. Para se quebrar um osso do corpo, basta um segundo de distração. Para recuperar esse osso, é preciso muito mais tempo. É preciso tratamento especializado e paciência. Caso contrário, o acidentado poderá ficar com problemas o resto da vida. E não é isso que desejamos para o Brasil.

BAHIGE FADEL

 

 

Sobre Fernando Bruder

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