Interessante como a mídia escolhe, em determinadas épocas, os assuntos para suas manchetes. Quando escolhe, fica batendo, cansativamente, na mesma tecla, sem apresentar soluções duradouras, até que surge um novo assunto. E a ladainha continua. Sempre foi assim. É preciso leitor ou ouvinte. É o ganha-pão da mídia.
Atualmente, o assunto em pauta é a violência nas escolas. E dão a entender que a escola é um espaço violento, perigoso, terrível. Aproveitam-se de fatos ocorridos, para dizer que é sempre assim, que a escola não é um lugar seguro. Com isso, as famílias, com razão, ficam aterrorizadas. Conheço pais que não querem mais levar os filhos à escola e, quando levam, ficam rezando, para que nada de mais grave lhes aconteça.
Essa história não vai mudar. Vêm as autoridades e despejam discursos de preocupação e planos de salvação. E o que se vê? Tudo como era antes. Nada muda. Porque essas autoridades atacam os efeitos, não atacam as causas. Atacar os efeitos é muito mais fácil e dá a impressão de que as pessoas estão procurando uma solução.
Isso acontece com as drogas. É a mesma coisa. Todos os dias, há a apreensão de milhares de quilos das mais variadas drogas. A mídia alardeia o fato, como se fosse o início de uma solução. E o que acontece? O tráfico e o consumo de drogas continuam crescentes. Por quê? Porque apreender drogas não elimina a causa. Por que há o tráfico de drogas? Porque alguém consome. Por que alguém consome drogas? Por causa de determinados estímulos. Primeiro, é um mercado rentável. Segundo, porque há a impressão do prazer momentâneo. Terceiro, porque o consumidor não vê alternativa melhor para conseguir prazer. Quarto, porque as famílias estão mais preocupadas em punir o traficante do que educar o filho. Quinto, porque há interesses nacionais e internacionais que facilitam esse tipo de comércio. Sexto, porque há pessoas que acham que isso não tem nada demais e, por isso, tem que continuar. Sétimo, porque as autoridades deixaram o monstro crescer tanto que não têm mais meios de impedir que continue.
Mas as autoridades, de boca cheia, dizem que vão reforçar a segurança nas escolas, que vão investir milhões para que nada de ruim aconteça com nossas crianças e jovens. Até segurança armada já sugeriram. Segurança armada nas escolas? É o fim da picada.
Lembram a violência nos estádios de futebol? Muitas pessoas morreram onde deveriam assistir aos jogos. Aumentaram o policiamento nos estádios. Adiantou alguma coisa? Claro que não. Os crimes agora ocorrem nas imediações dos estádios ou em lugares previamente acertados para os encontros mortais. Por quê? Porque só atacaram os efeitos.
Para terminar: não existe solução em curto prazo. A educação eficaz é um início. Um trabalho com as famílias é urgente. Punição aos responsáveis é indispensável. Mas há muita coisa mais. Se eu fosse um especialista, poderia oferecer mais subsídios. Ofereço um alerta. Já é alguma coisa.
BAHIGE FADEL