Aumenta incidência de câncer de mama em mulheres jovens no Brasil

A atriz americana Miranda Mckeon, que faz a personagem Josie Pye na série Anne With na E, na Netflix, anunciou recentemente que havia sido diagnosticada com câncer de mama, aos 19 anos de idade. É raro observarmos esta doença em mulheres assim tão jovens, mas é preciso ficar alerta, pois a incidência da doença está aumentando nas mulheres com menos de 40 anos. Estima-se que no Brasil de 10% a 15% dos mais de 66.000 casos de câncer de mama previstos pelo INCA em 2021 ocorram em mulheres abaixo dos 40 anos – nos EUA esta incidência é de cerca de 4% a 7%, segundo o American Cancer Society.

Como não há rastreamento (exames de rotina) específico para esta idade, é necessário, de acordo com o dr. Leonardo Fleury Orlandini, mastologista do Hospital do Câncer de Ourinhos (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional São Paulo, traçar estratégias personalizadas de detecção precoce e seleção de mulheres com risco elevado nesta população. O mastologista é um dos autores do estudo realizado no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMUSP de Ribeirão Preto que revela alta incidência de câncer de mama em mulheres jovens no Brasil, publicado no JCO Global Oncology, da American Society of Clinical Oncology, dos EUA.

Ainda segundo o dr. Orlandini, “infelizmente, pacientes jovens têm uma maior probabilidade de desenvolver tumores mais agressivos e de serem diagnosticadas em estágios avançados, com consequente maiores taxas de recorrência e mortalidade comparadas às de maior idade, mesmo quando submetidas a um maior volume de tratamento”.

Os principais fatores associados a maior risco de desenvolver um câncer de mama em idades precoces incluem mutações genéticas, radioterapia torácica durante a puberdade e história familiar importante de câncer de mama e/ou ovário, principalmente se parentes de primeiro grau e em idades jovens. Outros fatores de risco como tabagismo, uso de terapias hormonais, obesidade, sedentarismo e uso de álcool também podem contribuir para o aumento de risco de desenvolver uma neoplasia. Estudos recentes sugerem ainda uma associação entre exposição, na infância e puberdade, a alguns tipos de agrotóxicos e maior incidência de câncer de mama, principalmente em países com políticas mais permissivas para o uso destes pesticidas.

Diagnosticar e tratar o câncer de mama em jovens é sempre um grande desafio, com profundas incertezas e insegurança em mulheres no auge da vida profissional e reprodutiva, as quais, além de lidar com os desafios do tratamento, deverão tomar decisões sobre preservação da fertilidade, estratégias de redução de risco de recidivas e ainda lidar com o impacto na saúde física, emocional e sexual dos sintomas decorrentes destas terapias.

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