A informação não é recente. É de 2020. Pesquisas científicas constatam que, na última geração, os filhos são menos inteligentes do que os pais. Decepção. Com toda evolução tecnológica e científica, os filhos têm inteligência inferior aos pais. Por quê? Não sou especialista, mas fica claro que a educação das crianças e jovens, nos últimos tempos, não tem contribuído para desenvolver a inteligência das pessoas.
Sabe-se que a inteligência pode ser desenvolvida através de estímulos e interações com o ambiente. Conclui-se, portanto, que os pais não estão desempenhando bem em seus filhos atividades que contribuam para o desenvolvimento intelectual deles. Isso realmente acontece? Acredito que sim. E há culpados nesse processo? Muitos. Inclusive os pais.
Algumas gerações atrás, as crianças tinham muito menos tecnologia ao seu dispor. Mesmo assim, os pais compravam livros para as crianças lerem. E elas reclamavam quando não tinham nenhum livro para ler. Quando os pais não tinham condições financeiras, havia as bibliotecas das escolas e as bibliotecas públicas. E as bibliotecas escolares tinham sempre interessados em retirar livros de leitura. Nas bibliotecas públicas, as pessoas tinham que se cadastrar, para poderem retirar os livros de leitura. Quando não eram cadastradas, tinham que ler os livros nas próprias bibliotecas. Quando retiravam os livros, para levem em casa, tinham prazo de entrega, pois havia uma lista de espera para a retirada.
Por outro lado, quais eram as brincadeiras/atividades das crianças? Pescaria. Como era bom ir pescar no rio que não ficava longe de casa e voltar de tardezinha. Passear a cavalo. Quando a gente não tinha cavalo, pedia emprestado para o seu Zé, que permitia que déssemos algumas voltas pelo campo, com todos os cuidados possíveis. Jogar bola de gude, rodar pião, brincar no jardim da igreja, esconde-esconde. Ou simplesmente se sentar na calçada e jogar conversa fora, por tempo indeterminado ou até a hora em que a mãe gritava da cozinha: Entra pra tomar banho que já está na hora da janta! E a gente corria para dentro, que ninguém era louco de desrespeitar a mãe. Mas antes programava as atividades do dia seguinte. E a janta era com a família toda sentada à mesa. Era a hora de conversar e contar as novidades do dia. A isso se dava o nome de família.
Hoje, quais são os estímulos ou as interações com o meio ambiente? Quase zero. E esse quase é a esperança. Com raras exceções, os pais não têm tempo para os filhos e, para piorar, não ficam seguros em permitir que os filhos descubram o mundo. Vão para a escola de carro ou de van. Seu mundo são os programas que colocaram no celular. Dificilmente, as refeições são feitas em família. As crianças são mais criadas por babás e escolas do que pelos pais. É o mundo moderno.
Há solução para isso? Deve haver, mas não é fácil. Uma fratura num osso ocorre num segundo, mas a sua consolidação pode demorar meses, e ainda não ficar como era antes. Não consigo dizer tudo que deve ser feito, mas posso dizer que o que está sendo feito não ajuda no desenvolvimento intelectual e social das crianças e jovens. Não é o uso abusivo do celular que desenvolverá a inteligência das crianças. Não é a ausência da família que trará a melhor educação para os filhos. Não é o uso constante do Playstation que contribuirá para a socialização da criança e a sua inter-relação com o meio-ambiente.
Bahige Fadel