E o tema da redação do vestibular da Unesp foi “É possível um futuro off-line?”. A seguir confira um texto produzido pelo professor Nelson, da Escola de Redação Nelson Letras, sobre o tema deste ano.
Assim como outros meios de comunicação, a internet é uma realidade que faz parte da vida da maior parte da população mundial. Seja para entretenimento, seja para trabalho, o mundo on-line está presente no dia a dia da maior parte da sociedade, e acreditar que o ser humano pós-moderno abandonará essa tecnologia digital consiste em uma utopia, uma vez que o sistema virtual não só é útil para a vida dos cidadãos como também possui a capacidade de viciar pessoas com suas técnicas de condicionamento. Entretanto, mesmo com a propagação da internet, desde que haja internautas os quais não fiquem presos às bolhas virtuais, mas sim mantenham o livre arbítrio na utilização das tecnologias de rede, é possível um futuro off-line.
As grandes corporações que dominam a internet desenvolveram estratégias tecnológicas que oferecem ao internauta o que ele deseja ler, ver e ouvir. Dessa maneira, muitos chegam a perder horas de sono aprisionados à rede que os satisfaz emocionalmente, impondo-lhes a ilusão de que são livres e de que estão no controle de suas ações por possuírem conhecimento e criatividade, por serem pessoas conscientes da realidade em que estão inseridas. Todavia, essa realidade é apenas uma imagem criada pelas próprias mídias digitais, as quais subjugam muitos usuários e os aprisionam sob uma ideologia paradoxal.
Mas, embora exista o condicionamento, é possível não se submeter a ele. Em suas reflexões sobre a humanidade, pensadores como Baruch Spinoza, Friedrich Hegel e Karl Marx concluíram que ser livre é compreender que existem determinismos e, assim, possuir a capacidade de como se relacionar com eles. Portanto, ainda que as redes sociais sejam capazes de atrair e manipular, o ser humano com conhecimento deste determinismo e com Maioridade intelectual – lembrando as reflexões sobre autonomia do filósofo Immanuel Kant – sabe utilizar o mundo online sem se prender e se submeter à falsa imagem criada por este.
Além disso, não é possível anular a hipótese de que, entre aqueles presos às subordinações inconscientes impostas pelos algoritmos, há os que poderão alcançar a liberdade de pensamento, deixando a capitulação. Segundo o filósofo Arthur Schopenhauer “o ser humano toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo”, logo é necessário que a sociedade não se prenda ao campo de visão criado pelas mídias sociais, e isso é possível, haja vista que há pessoas conscientes e que buscam propagar conhecimento, contribuindo, assim, no desenvolvimento intelectual de outros indivíduos, desconstruindo o determinismo imposto pelo mundo virtual.
A internet e suas redes retiram a humanidade de muitos usuários ao lhes impedir o uso da razão e a escolha de caminhos, contudo muitos estão fora dessa linha, pois possuem a consciência desse controle e comandam seus pensamentos e ações. Por conseguinte, é mister compreender que a existência de um mundo off-line não consiste na anulação do mundo on-line, mas sim em um não condicionamento às mídias virtuais, em o cidadão possuir uma autonomia intelectual que aproveita as tecnologias digitais em benefício próprio e da sociedade, e que desfruta a vida no mundo real. Um futuro off-line é possível assim como, embora haja o vício na rede, o presente off-line é uma realidade.
Escola de Redação Nelson Letras
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