Pandemia em redes sociais

Nesses dias de recolhimento necessário, a gente fica mais tempo nas redes sociais. E o que a gente vê é incrível. Existe de tudo um pouco. A verdade é negligenciada. A ciência é subestimada. Na grande maioria, o que interessa é o que não interessa. Não, não errei, caro leitor. É isso aí mesmo: o que interessa nas redes sociais é o que não interessa.

Os oportunistas aparecem a rodo. Oportunistas de todos os tipos. Oportunistas que usam o momento para ganharem um dinheirinho extra, oportunistas para espalharem o pânico, oportunistas políticos. Oportunistas. E o pior é que muitas pessoas, ao invés de procurarem o que interessa, interessam-se pelo que esses oportunistas espalham.

Oportunistas frequentes são os políticos. De um lado os bolsonaristas. Esses encontram (ou inventam?) milhares de situações para defenderem o Presidente. São tantas coisas que a gente começa a desacreditar de todas. Não é possível que haja tanta gente querendo destruir o Brasil só para destruírem o Presidente. A gente sabe que uma ala política ainda não engoliu a vitória de Bolsonaro. Mas daí a torcer para que o Brasil não dê certo de jeito nenhum só para que o Presidente caia são quilômetros de distância. Por outro lado, os anti-bolsonaristas procuram coisas do arco da velha para desestabilizar o Presidente. Não se cansam, por exemplo, de divulgar uma foto em que o Presidente está com o braço à frente do nariz, para fazerem um monte de comentários. Será que é tão importante para o país o Presidente estar com o braço à frente do nariz? Mas as conjecturas a respeito desse gesto são dezenas, como se fossem importantes para a pandemia ou para os destinos do país.

Há também os oportunistas do ‘não falei?’. Nossa Senhora! Nas redes sociais a gente fica sabendo que milhares de pessoas já sabiam de tudo. Caramba! Como há gente bem informada nas redes sociais. Sabem de tudo. Já sabiam há muito tempo sobre o coronavírus. Eles já sabiam de tudo, só não sabiam as autoridades ou os médicos ou os cientistas. E essas pessoas, inclusive, sabem todas as soluções para exterminar esse terrível vírus. São os grandes sabichões. Devem ser polissabichões, pois sabem tudo. Pena que os cientistas e médicos não seguem os seus conselhos! O problema já não existiria mais e já estaríamos nas ruas.

A verdade é a seguinte, minha gente: se nem os especialistas têm certeza das coisas, não serão os leigos ou os pseudointelectuais que saberão. O negócio é a gente ter a humildade para ouvir e atender aqueles que entendem mais do caso. E a paciência para esperar que as coisas se normalizem e a gente possa voltar às atividades rotineiras. Sem querer ser profeta, a gente sabe que haverá muitos problemas depois que tudo isso passar. Haverá a necessidade da colaboração de todos. Não é hora de estimular a guerra. É hora de lapidar a paz.

BAHIGE FADEL

Sobre Fernando Bruder

DEIXAR UM COMENTÁRIO

Política de moderação de comentários: A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro ou o jornalista responsável por blogs e/ou sites e portais de notícias, inclusive quanto a comentários. Portanto, o jornalista responsável por este Portal de Notícias reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal e/ou familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.