Oba! Vai começar o grande espetáculo da campanha eleitoral. Será o maior show de todos os tempos. Nada faltará para entreter a plateia. Quem paga a conta é o espectador, claro. E muitas vezes, ele – o espectador – nem se dá conta de que, para assistir a esse espetáculo, paga um dinheirão.
E o pior é que, mesmo depois de terminado o espetáculo eleitoral, continua pagando por ele. Palhaços haverá aos montes. Estarão disfarçados de benfeitores, homens de classe, mas são, verdadeiros palhaços. Haverá mágicos também. Muitos mágicos. Suas mágicas, no entanto, não são feitas na hora. São apenas prometidas. ‘Se for eleito, aumentarei o salário mínimo!’ Mágica futura. ‘Se for eleito, trarei empregos para a cidade.’ Mágica! ‘E for eleito, acabarei com a corrupção.’ Uau! E a plateia bate palmas ou porque acha o espetáculo divertido ou porque acredita que a mágica se concretizará.
É uma época diferente. É uma época em que os amigos viram inimigos e os inimigos, amigos. Sensacional! De repente, um desconhecido vira amigo do peito, um verdadeiro irmão. Tudo por um voto. Tudo por um apoio. É a época em que tudo é possível. Prometem transformar em paraíso o inferno que eles mesmos criaram. E como o amor estará em alta! Todos serão verdadeiros apaixonados pelo povo.
Todos jurarão amor eterno pela justiça. Todos amarão as crianças dos outros, os pobres, os fracos e os fortes, mas principalmente os fracos. Todos se declararão apaixonados pela cidade, pelo país e pelo mundo. É a época em que mais se falará de amor e mais se praticará o ódio. Religiosos, então, todos serão. As igrejas estarão lotadas de candidatos fiéis. Todos em busca de votos. Ajoelham-se e fingem orações fervorosas. Deus nunca será tão lembrado como nessa época. Todos prometerão a morte e o sepultamento de satanás.
Será a época dos grandes currículos. A maioria colocará em seus longos currículos que são honestos. ‘Sou honesto!’ E dirão isso como se fosse uma conquista, um troféu conseguido com muita luta, com muito esforço. Não se preocupem. Ninguém dirá que é desonesto. Há certas coisas que não precisam ser ditas. Falarão com orgulho de sua honestidade, como se não fosse uma obrigação, mas uma virtude conquistada. Não esclarecerão como exercem sua honestidade. A palavra honesto é suficiente para eles.
Haverá todos os tipos de candidatos. Haverá os candidatos permanentes. Nunca venceram uma eleição sequer, nunca tiveram uma votação significativa. Mas são candidatos. Devem colocar em seus currículos: Candidato derrotado por quinze vezes. Nunca foram nada, além de candidatos. Há os candidatos que se colocam no páreo por um bem maior: o fundo eleitoral. O fundo eleitoral. O grande milagre. Dão um jeito de viverem do fundo eleitoral durante quatro anos. Depois disso, bem, haverá nova campanha eleitoral. Mas não se preocupem.
Haverá os bons candidatos. Haverá aqueles que têm um plano político para a cidade. Haverá aqueles com projetos consistentes, para a melhoria das condições de vida da população. Haverá aqueles que desejam dedicar uma parte de seu tempo pelo bem do próximo. Haverá aqueles que serão esperança. Haverá. É uma questão de procurar bem, de prestar bastante atenção, pesquisar a vida deles e analisar o que dizem e o que são.
Embora haja os bons candidatos, infelizmente muitas batatas pobres continuarão infectando as batatas boas. Caberá a nós descartar as batatas pobres.
Coluna: Bahige Fadel
Foto: Reprodução