Há poucos dias, estava eu deixando o supermercado, quando um moço passou por mim e me cumprimentou: Bom dia, professor! Respondi com um ‘bom-dia’ e com um ‘como vai?’. Logo em seguida, outro moço que entrava no supermercado se dirigiu a mim e me disse: O senhor é professor? Que linda profissão. Meus parabéns! Eu agradeci e, com o ego inchado, continuei o meu caminho.
Não foi a primeira vez que fui alvo de simpatia e gentileza, pelo simples fato de ser professor. Muitas vezes, ex-alunos se dirigiram a mim, só para me dizerem que foram meus alunos. Dizem ter saudade daqueles tempos. E chegam, até, a contar suas histórias e no que se tornaram. Recentemente, um barbeiro com uma barbearia bem montada fez questão de se dirigir a mim, para me dizer que tinha sido meu aluno. Apresentou o filho, que estava seguindo a mesma profissão do pai.
Fatos como esses e até mais significativos devem ocorrer constantemente com os professores. É uma forma de premiar o trabalho dos tantos e tantos professores que foram importantes na vida de pessoas. ‘O senhor se lembra de mim, professor?’. E a gente faz um esforço danado para reconhecer naquele adulto a criança que tinha sido seu aluno uma quinta série. Em grande parte das vezes você não se lembra. Não porque sua memória está ruim, mas porque aquele adulto é tão diferente da criança que esteve aos seus cuidados, na sala de aula.
Estou contando esses fatos, porque um dia ouvi um professor dizendo que não comemoraria o dia do professor. Que não havia motivo para isso. Que o momento não era para comemorações, mas para reivindicações. Que o professor nunca tinha sido tão desvalorizado como atualmente. Que, muitas vezes, ele tinha até vergonha de dizer que era professor.
Meu Deus do céu! O que tem a ver uma coisa com outra? Quando você comemora o dia do professor, não está comemorado a valorização da profissão, as condições de trabalho das escolas, os salários que recebe. Está comemorando o fato de ter uma profissão nobre, que lhe permite ajudar crianças, jovens e adultos a terem uma vida melhor. Você tem a oportunidade de ministrar conteúdos e exemplos que poderão transformar as vidas de seres humanos.
Isso não impede que você reivindique melhores salários e melhores condições de trabalho. Aliás, devemos, sempre, lutar por melhores condições de trabalho e por um salário à altura de nossas responsabilidades. Para que tenhamos esses direitos, devemos nos esforçar, dedicar-nos plenamente a nossa profissão, atualizar-nos constantemente, ser, com a nossa atividade, pessoas úteis e indispensáveis à sociedade. Se formos tudo isso, independente do salário que recebemos, temos o direito de comemorar o dia que nos é dedicado.
Pode ser com uma festa com os amigos. Pode ser com um momento mais descontraído com os alunos. Pode ser com uma aula para meus alunos, para que eles tenham consciência do que é ser professor.
O que não pode é deixar passar batido esse dia. O dia do professor precisa ser comemorado, sempre. Estou certo de que, embora muitas vezes não pareça, muitos reconhecem a importância de nosso trabalho, no presente e no futuro das pessoas.
Não se constrói uma sociedade desenvolvida e feliz, sem a participação do professor.
Bahige Fadel