Coluna Bahige Fadel

Sem Surpresas

O IDESP – Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo – divulgou, nesses últimos dias, o resultado de 2019. Não houve surpresa alguma. O que se revelou era o esperado. O IDESP mostra o que aconteceu na educação pública do estado de São Paulo, desde o ensino fundamental até o ensino médio, com o objetivo de organizar planos de melhoria de qualidade. Existem metas a serem alcançadas em cada nível. O marco final é 2030.

No ensino fundamental, como já se esperava, já que tem ocorrido há vários anos, houve uma pequena melhoria. Na fase inicial, passamos de 5,55 para 5,64. A meta para 2030 é 7,0. Na fase final, passamos de 3,38 para 3,51. A meta é 6,0. O calcanhar-de-aquiles, como o esperado, está no ensino médio. Passamos de 2,51 para 2,44. A meta é alcançar 5,0. Ou seja, além de não progredirmos no ensino médio, tivemos um retrocesso, o que corresponde a dizer que o que foi feito (ou se deixou de fazer) não deu bons resultados e, por isso, alguma coisa tem que ser mudada.

O leitor me perguntará por que isso está acontecendo com o ensino médio das escolas públicas do estado de São Paulo. Não posso cair no simplismo ou na ingenuidade e relatar um só motivo. Não seria honesto. Há vários motivos que fazem com que o ensino médio não esteja alcançando os seus objetivos. Para atingir a meta de 2030, o ensino médio das escolas públicas do estado de São Paulo terá mais que dobrar a sua qualidade. E isso, hoje, parece missão impossível.

Um dos motivos principais, sem dúvida, é que o ensino médio das escolas públicas do estado de São Paulo não prepara bem os alunos para enfrentar os grandes vestibulares nem lhes dá uma profissão em nível técnico. Essa lacuna, na questão profissionalizante, é preenchida, felizmente, pelas escolas técnicas, como a Escola Industrial de Botucatu.

Ora, se o aluno sabe que não terá uma profissão ao concluir o ensino médio nem terá a preparação necessária para enfrentar os grandes vestibulares, o que o motivará para os estudos? Nada. Assim, o número de alunos que desistem ao longo do ano é alarmante. O aluno, sem perspectivas, fica desmotivado. E essa desmotivação do aluno, por tabela, desmotivará também o professor, ao ver que o seu trabalho não desperta o interesse de seu aluno. Por outro lado, sem conhecimentos suficientes para enfrentar os grandes vestibulares, o aluno concluinte do ensino médio procurará faculdades de menor projeção ou mesmo aqueles cursos virtuais, que proliferam no Brasil. Muitas vezes, nem isso, pois o jovem não tem condições de pagar. Daí vem a frustração. A revolta.

Consta que o governo do estado de São Paulo está alerta e já começou a criar meios de mudar esse estado de coisas. Vamos aguardar. Já se perdeu muito tempo com projetos que sugaram o dinheiro do Estado e trouxeram raros benefícios.

BAHIGE FADEL

Último dia de férias

Estou escrevendo esta crônica no meu último dia de férias. Foram férias necessárias. Embora já não trabalhe tanto como na juventude, percebo que, com o passar dos anos, o corpo resiste menos e precisa de mais descanso, para suportar o batente do ano letivo. E obedeci ao meu corpo. Dei-lhe o descanso necessário. Ele mereceu. No ano passado, ele não negou fogo nenhum dia. Não precisei faltar, me atrasar ou sair mais cedo de meus compromissos.

Na semana que vem, recomeça o batente. Não é bem um bateeeeente, mas um batentezinho, que requer do corpo e da mente um certo esforço, uma certa dedicação, um espírito de luta maior, se é que me entendem. Com a idade, se a gente der uma relaxada, pode sofrer as consequências e não consegue recuperar mais. Assim, descansei o corpo e a mente e, em alguns momentos, procurei atualizar-me mais em minha profissão. Não, não fiquei estudando metodologias diferentes. Estou velho demais para mudar os métodos. Procurei aprimorar as que já possuo. Deixá-las mais eficientes. Inclusive os conteúdos. Escrevi certa ocasião que professor não é museu. O professor tem que se atualizar, aprimorar-se, compreender melhor o mundo em que vive, para perceber as necessidades reais de seus alunos.

Todas as pessoas deveriam ter esse tipo de preocupação: aprimorar-se. Para que isso aconteça, a pessoa tem que gostar do que faz. Se a pessoa gosta do que faz, sente-se feliz fazendo. Se ela fizer cada vez melhor aquilo que tem que fazer, mais feliz ela se tornará. Porque ninguém se sente feliz ao realizar alguma coisa de maneira ruim.

Infelizmente, as coisas não são assim. Conheço pessoas que odeiam o que fazem. Para elas, ir ao trabalho é um martírio. Não gostam do que fazem e procuram incutir nos outros o mesmo sentimento negativo. E às vezes conseguem. Fica um ambiente terrível. E a produtividade se torna sofrível. Quando se trata do magistério, é ainda pior, porque os alunos percebem tudo e reagem. A aula se torna pesada, triste, inútil.

Na política também deveria ser assim. Os políticos deveriam aperfeiçoar-se, atualizar-se, tornar-se mais competentes. Eles têm uma missão das mais nobres, mas muitas vezes temos a impressão de que eles não têm a mínima noção da importância de seu trabalho. Entram na política para satisfazerem o seu ego, para se sentirem importantes, para serem ‘autoridade’. Outros são ainda piores: entram na política para se locupletarem, para tirarem benefícios próprios. Ainda bem que não são todos assim. Há aqueles que querem o bem do Brasil ou de sua cidade.

Os mais críticos não precisam preocupar-se comigo. O meu otimismo não me cega. De jeito nenhum. O meu otimismo é uma forma de ter esperanças. E com a esperança, a gente tem que trabalhar por dias melhores.

BAHIGE FADEL

Ano Novo… Vida Nova?

A gente, por vício ou por tradição, costuma dizer às pessoas ‘feliz ano novo’ ou ‘ano novo, vida nova’? Será? Não faz mal a gente desejar que o ano novo seja feliz. Pelo contrário, faz muito bem desejar coisas boas para os outros. Desejar coisas boas para os amigos e os parentes pode ser o mesmo que desejar coisas boas para nós mesmos. Afinal, se as pessoas que amamos estão bem, nós também estaremos.

Mas as coisas não funcionam assim. O buraco é mais em baixo. Afinal de contas, o ano novo é mais uma data. Nada mais que isso. Para que o ano novo seja melhor, a gente é que precisa ser melhor. Para que o ano novo seja diferente, a gente é que precisa ser diferente. Se a gente pensar e agir da mesma maneira, tudo tenderá a acontecer da mesma maneira, não importando se o ano é novo ou velho.

Mudar o ano é fácil. É só ter paciência e esperar que os 365 dias passem. Independente da nova vontade, o ano muda, chega o ano novo. A gente faz festa, se reúne com a família e os amigos – o que é muito bom – mas e daí? O dia será o dia seguinte, como amanhã será o dia seguinte, como ontem foi o dia seguinte em relação a antes de ontem. Isso é a rotina que independe da nossa vontade. O que depende da nossa vontade são nossos pensamentos e nossas ações. Isso muda as coisas. Isso pode deixar tudo melhor. Se a gente se propuser a fazer coisas melhores e insistir até conseguir, os dias serão melhores não só para nós, mas para os outros também.

Tomara que este ano seja melhor. Merecemos dias melhores, após passarmos por anos pouco positivos. O ano será melhor, por exemplo, se a violência diminuir. Mas para que a violência diminua, é preciso que a gente faça alguma coisa. Podemos ser mais pacientes e compreensivos. Podemos ser mais tolerantes com nossas fraquezas e as fraquezas dos outros. Precisamos aprender a nos colocar no lugar dos outros.

O ano será melhor, se não formos tão alienados, se não aceitarmos mais a corrupção endêmica que se alastra pelo Brasil. É preciso que deixemos de aceitar como normal a ‘lei de Gerson’, ou seja, querer levar vantagem em tudo. O ano será melhor, se a gente for mais justo em nossas ações e exigir que os outros também sejam justos. Não podemos tolerar a injustiça. O ano será melhor, se formos mais competentes que o ano anterior. Para isso, não podemos ter preguiça, temos que nos preparar bem, para que as nossas atividades sejam executadas de maneira cada vez mais perfeita. O ano será melhor, se a gente conseguir eleger governantes bons, se a gente não fizer concessões só porque somos amigos ou parentes deste ou daquele candidato. O ano será melhor, se a gente fizer alguma coisa para que a educação seja melhor, para que a educação não seja apenas mote de demagogia e campanha eleitoral, mas que tenha como objetivo principal a formação integral das crianças e jovens.

Enfim, o ano será melhor, se houver mais pessoas felizes e que essas pessoas felizes sejam as melhores pessoas, aquelas que praticam o bem, a verdade e a justiça. Para essas pessoas, feliz ano novo!

Bahige Fadel

A Valorização do Professor

Pesquisa recente esclareceu que o Brasil é um dos países que menos valoriza o professor. Até aí, nenhuma surpresa. Não é preciso ser um especialista para chegar a esse resultado. Basta entrar numa sala de aula de ensino médio, por exemplo, e perguntar aos alunos quem deseja ser professor. Haverá um silêncio sepulcral. Ninguém está a fim de ser professor. Bem, para não ser radical, vamos dizer que quem deseja ser professor é exceção, não regra.

E por que isso acontece? Não se pode ser simplista e dizer que existe apenas um motivo. Os simplistas dizem que o salário do professor não atrai o jovem de hoje. Isso não é a verdade total. É certo que o salário não é lá essas coisas, mas o motivo principal não está aí. No mundo competitivo de hoje, em qualquer profissão que se exerça o cara tem que ser competente. Se não for, não vai ganhar bem. Há médicos que ganham mal. Há advogados que ganham mal. Como há médicos e advogados que ganham muito bem. Com o professor acontece a mesma coisa. Se for competente, poderá não ganhar tanto quanto o médico competente, mas com certeza será bem remunerado.

O desprestígio da profissão de professor está diretamente relacionado aos caminhos tortuosos que são trilhados pela educação brasileira. Os resultados das avaliações externas nos deixam envergonhados. Estamos quase sempre nas últimas posições, perdendo para países muito mais pobres. Até na América do Sul, em que deveríamos ser reis, estamos abaixo de países como Argentina, Chile e Uruguai.

Em primeiro lugar, os nossos dirigentes têm uma visão muito imediatista de educação. Um mandatário quer realizar algo, para que fique como marca de seu governo. Ninguém quer fazer um plano consistente que poderá dar resultados no futuro. O mandatário quer lançar o plano e colher os resultados no seu mandato. O resultado é sempre o mesmo: tudo é feito de afogadilho, sem nenhuma estrutura consistente e os resultados são esses que vemos há anos.

Por outro lado, os governantes querem sempre realizar coisas que são vistas com facilidade pela população, como a construção de novos prédios, como a aquisição de uma parafernália no campo da informática… Coisas assim. Enquanto fazem questão de gastar dinheiro construindo

prédios, os que já existem estão semiabandonados e alguns estão ociosos, em boa parte. Isso fica bem para o político. Mas não fica bem para a educação.

Valorizar o professor corresponde a dar-lhe meios de se aperfeiçoar constantemente. Corresponde também a oferecer-lhe uma estrutura condizente com as necessidades de seu trabalho. A ele também devem ser dadas condições reais de trabalho e autoridade para desempenhar bem suas funções. Ao professor deve ser dada a oportunidade de ter um trabalho continuado com uma clientela. O professor não pode ser apenas um repetidor de decisões de pessoas que não conhecem o aluno, a escola e o meio em que está inserida.

O professor deve ser um líder, numa pessoa motivada e engajada na atividade que desenvolve. O professor deve ser uma pessoa feliz e bem-sucedida. Ninguém quer aprender com uma pessoa infeliz e fracassada. Enquanto não se trabalhar a figura do professor, não conseguiremos bons resultados na educação. E continuaremos a lamentar as mesmas derrotas de sempre.

colunista: BAHIGE FADEL

Realidade Brasileira

Há muitos anos, a gente está ouvindo algumas ‘verdades’ sobre o Brasil. Fala-se muitos das riquezas do Brasil, por exemplo. O que mais ouvi nesses anos todos é que o Brasil é ‘o país do futuro’. Soa bonito dizer isso: ‘país do futuro’. Soa como uma esperança, como um sonho a ser realizado. Mais, sonha como a certeza de que, um dia, o país vai deslanchar e apresentar índices de primeiro mundo em educação, saúde, economia. Será tudo isso verdade?

Como a gente sabe, o país não se desenvolve sozinho. Não há desenvolvimento espontâneo. É preciso realizar ações continuadas nesse sentido. É preciso ter um programa de trabalho. É preciso haver pessoas competentes e bem-intencionadas, para colocarem em prática esse programa. É preciso que haja dinheiro para ser investido com inteligência e racionalidade. É preciso que haja um trabalho coletivo e sincronizado entre os setores mais importantes da nação e a população de uma maneira geral. O país não se desenvolve com discursos bem feitos e, muitas vezes, demagógicos.

Recentemente, foram publicados os resultados do PISA – um programa de avaliação de jovens de 15, 16 anos, de 78 países. A avaliação é feita em matemática, ciências e leitura. E o Brasil, como em anos anteriores – a avaliação se realiza de três em três anos – foi sofrível. Ficamos, mais uma vez, nos últimos lugares. Não foi surpresa para ninguém, já que o ministro da educação já tinha se manifestado a respeito.

Agora, saíram os índices do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – da ONU. Os resultados se referem ao ano passado e são avaliados itens de saúde, educação e renda. A nota vai de zero a um. Entre os 189 países participantes, conseguimos a medíocre posição de 79º lugar, com pontuação de 0,761. Na América do Sul, ficamos em 4º lugar, empatados com a Colômbia. Ficamos atrás de Chile, Argentina e Uruguai. Em relação ao ano anterior, melhoramos 0,001, que não significa nada. Para que se tenha uma noção da situação brasileira, o país colocado em primeiro lugar é a Noruega, com 0,954 na pontuação. Ficamos abaixo dos Emirados Árabes (0,866), da Arábia Saudita (0,857), de Omã (0,834), de Palau (0,814), de Antígua e Barbuda (0,776).

Do jeito que está não pode continuar. Todo potencial do Brasil está saindo pelos ralos da corrupção, da incompetência, da falta de vontade política, da falta de interesse real pelo desenvolvimento. Todo mundo exige reformas urgentes, mas ninguém quer ser afetado pelas reformas. A oposição fica berrando os ‘avanços’ que promoveu enquanto esteve no poder, mas não explica como os números se mantiveram iguais. A situação fica gritando os erros que a oposição cometeu enquanto esteve na situação, mas sem se apresentarem alternativas consistentes de solução.

O pior de tudo é que há os milagreiros que espalham a possibilidade de melhorias imediatas. Isso é impossível. Para se quebrar um osso do corpo, basta um segundo de distração. Para recuperar esse osso, é preciso muito mais tempo. É preciso tratamento especializado e paciência. Caso contrário, o acidentado poderá ficar com problemas o resto da vida. E não é isso que desejamos para o Brasil.

BAHIGE FADEL

 

 

Balanço

Chegamos a dezembro. O ano já está terminando. Para mim, que sou professor, já está tudo programado. Ainda restam algumas provas finais para os alunos que não tiveram bom desempenho durante o ano. É a última chance de demonstrarem que têm conhecimentos suficientes para a série seguinte. É um período difícil para professores e alunos. É a época em que a gente tenta arrancar o último sumo da laranja, para ver se dá um caldo.

Depois disso, chega o momento de se fazer uma reflexão. O

que deu certo? O que deu errado? O que precisa ser aprimorado ou corrigido? Afinal de contas, se não houver uma reflexão sobre sua atividade e, mesmo, a sua vida, a possibilidade de melhorar é quase nada. E não faz sentido se a gente não procurar ser melhor naquilo que faz. Mesmo envelhecendo, a gente tem eu ser sempre novo. A gente tem que se renovar. O que não muda é peça de museu. E professor não é peça de museu.

Depois disso, o descanso, para recuperar as energias. Ninguém é de ferro. Todos precisam recuperar o corpo e o espírito.

Para o comerciante, é um período de muitas atividades. É preciso renovar o estoque das lojas, que sumiu – Graças a Deus! – no Black Friday. As vendas de Natal precisam ser grandes, para se fazer caixa e garantir o sustento da família e o pagamento aos empregados. O comerciante precisa dessas ocasiões especiais – Black Friday, Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais (esse dia está um pouco desprestigiado), Dia dos Namorados… – para incrementar suas vendas. Numa época de vacas magras, com desemprego alto, instabilidade econômica e política, é preciso haver ocasiões que permitem alavancar as vendas, melhorar os negócios.

E na política? Bem, na política, não mudou muita coisa. A oposição continuará criticando a situação. A situação continuará criticando a oposição e tentando realizar alguma coisa diferente para melhorar o país. Os deputados vão usufruir de novas demoradas férias. Deixarão projetos importantes para o ano que vem, não se importarão com a urgência ou a necessidade de sua aprovação.

No ano que vem, atuarão de maneira lenta, já que os interesses serão outros. É que será ano de eleições, e muitos ou concorrerão a novos cargos ou apoiarão aqueles que, se eleitos, os apoiarão depois de dois anos, em

novas eleições. Ou seja, essas longas novas férias servirão, não para o descanso, pois já estão devidamente descansados, mas para elaborarem estratégias que aumentarão suas possibilidades de se sustentarem em seus ricos poleiros, sem terem feito muita coisa significativa para melhorar a vida do cidadão.

E assim caminha a humanidade. Quem viver verá. E eu pretendo ver tudo.

BAHIGE FADEL

Números da Educação

Há anos tenho acompanhado os números da educação brasileira. Embora haja sempre discursos otimistas dos políticos sobre as ‘novidades’ implantadas, esses números são quase sempre sofríveis. A cada governo que surge, vem um ‘novidadeiro’ querendo marcar território na educação brasileira. É, invariavelmente, fogueira rápida, que nem chega a esquentar e se apaga ao primeiro sopro.

A novidade atual – que nem sei se é tão novidade assim – é lançada pelo governo federal. ‘A partir de 2020, todas as escolas de ensino fundamental e médio do Brasil estarão conectadas. ’ E a notícia vem acompanhada das ‘vultosas importâncias’ investidas no empreendimento e do otimismo daqueles que acreditam que basta conectar as escolas que o ensino passará a ser excelente.

Nos próximos dias deverão ser divulgados para o mundo inteiro os resultados do PISA. O PISA é um programa de avaliação de estudantes de setenta países. São escolhidos aleatoriamente estudantes de quinze anos de idade – ensino médio, portanto – de escolas públicas e particulares. Esses estudantes são submetidos a provas de leitura, ciências e matemática. Essa avaliação é realizada de três em três anos. Os resultados conquistados pelo Brasil são sempre péssimos. Para que o leitor possa ter uma ideia, na última avaliação, em 2016, os resultados do Brasil foram os seguintes: 59º em leitura, 63º em ciências e 69º em matemática. Para piorar, embora não tenha revelado números, o senhor Abraham Weintraub, ministro da educação, declarou recentemente que o Brasil terá o pior desempenho entre todos os países da América Latina. Salvo melhor juízo, participam seis países da América Latina, e o Brasil está em último lugar. Ou seja, a maior economia da América Latina está em último lugar no PISA.

Vou ser repetitivo. Há anos venho dizendo que não adianta investir fortunas em tecnologia e esquecer o profissional da educação. A Coreia do Sul, por exemplo, que tem excelentes índices na educação, começou investindo em professores, coordenadores, diretores, inspetores de alunos… Investiu em pessoas, para que elas pudessem usar com eficiência e eficácia a tecnologia.

Em primeiro lugar, o profissional da educação tem que ter conhecimento. Esse profissional precisa estar motivado, entusiasmado. Ele tem que ter domínio de princípios pedagógicos e didáticos. Um educador tem que ser um líder e deve participar da elaboração de todos os planos que terá a responsabilidade de executar. O educador deve conhecer o seu aluno e o meio em que ele vive, para que possa entender melhor suas aspirações e desejos. Com isso, entenderá as possibilidades desses alunos e terá condições de ajudá-lo a caminhar em busca de seus objetivos.

Se não houver tudo isso, de nada adiantará conectar todas as escolas. Os resultados das avaliações externas, como o PISA, continuarão a ser vergonhosos, frustrando os nossos jovens, fazendo-os desacreditar de nossas autoridades E, até, de si mesmos.

BAHIGE FADEL