A imprensa botucatuense está em luto, morre o radialista, professor e historiador João Carlos Figueiroa.
Figueiroa nasceu em Botucatu em 20 de agosto de 1944 e se tornou um guardião da história da cidade. Filho de Felix Figueiroa e Thereza Luiza Paganini Figueiroa que foi irmã do ex-prefeito Plínio Paganini.
Figueiroa passou pelos bancos do Colégio Diocesano e formou-se professor, em 1963, no Instituto de Educação Cardoso de Almeida (IECA). Aos 12 anos já trabalhava como office boy na Rádio Emissora de Botucatu (PRF-8) e no jornal Correio de Botucatu, ambos pertencentes a sua família Paganini
No rádio, as mudanças constantes na equipe, ocorridas entre 1956 e 1960, lhe deram as primeiras oportunidades. Inicialmente na área esportiva, com apenas 13 anos, o garoto já estava credenciado para atuar na cobertura dos Jogos Regionais da Sorocabana.
Nessa mesma época teve o primeiro contato com a política, que de certa forma viria a acompanhá-lo ao longo da vida. Muito por conta da atuação dos tios Octacílio e Plínio Paganini que chegaram a presidir a Câmara Municipal.
Por anos fez a cobertura das sessões da Câmara. Conviveu com políticos diferenciados e acompanhou debates célebres em um tempo em que vereador não recebia salário. “Comecei a fazer esse tipo de cobertura muito cedo, porque a gente não falava nada. Só levava o microfone à boca do vereador que pedia a palavra. Isso acabou sendo um convite para ficar junto da política”.
Na equipe de esportes fez de tudo um pouco. Foi repórter de campo, comentarista e apresentador de programas.
Com o tempo, vários profissionais deixaram a emissora. Alguns contratados pela Rádio Municipalista, inaugurada em 1962. Muitos buscando uma nova vida em São Paulo.
Em 1964, antes de completar 20 anos, desembarcava em São Paulo para tentar a sorte. Três dias depois com um recorte de jornal na mão, conseguiu emprego no escritório de uma empresa americana que fabricava conectores elétricos. Lá permaneceu por pouco tempo.
Sua nova passagem pela PRF-8 deu-se até 1976. Mas sempre buscando conciliar com outras atividades que lhe garantissem reforço no salário. Ao lado de Neder Filho e Walter Paschoalick criou um curso preparatório para o exame de madureza que funcionou entre os anos de 1972 e 1973, no Colégio La Salle.
Ainda nessa época em São Paulo, Figueiroa começou a fazer pesquisas e estudar a história de Botucatu. Com as noites livres passou a frequentar a Biblioteca Mário de Andrade. O interesse inicial era sobre o estudo do topônimo que dava nome à cidade.
Em 2005, já reconhecido como um dos principais historiadores da cidade, foi convidado pelo secretário de Comunicação Erick Facioli para organizar a reedição do livro “Achegas para a História de Botucatu”, de Hernani Donato. Ali começava uma nova etapa de sua vida.
O livro foi lançado em 2008 em dois volumes. Obra primorosa. Nesse mesma época o secretário de Educação Gilberto Borges havia contratado uma editora para fazer uma cartilha sobre Botucatu. E coube a Figueiroa a missão de definir, organizar e produzir o conteúdo.
Fala com especial carinho do período em que presidiu o Centro Cultural, de 2007 a 2015, quando teve a oportunidade de tirar da gaveta uma série de trabalhos que vinham sendo adiados por falta de tempo. “O Centro me deu mais prazer do que qualquer outra coisa. Foi muito importante para mim e para a cidade porque se transformou em uma referência da memória de Botucatu”.
Destaca a criação do Cine Clube, iniciativa que perdurou por cinco anos. E lembra-se de uma passagem marcante, quando a entidade completou 70 anos.
Figueiroa foi secretário municipal de descentralização e participação popular na minha primeira gestão. Teve participação importante em várias conquistas naquele período como a pinacoteca, na aquisição do cine nelli pela prefeitura, ba revitalização da praça Rubião Júnior, na criação da casa dos conselhos, da casa da juventude e do restauro da estação ferroviária, entre outros.